COC – Centro de Oncologia Campinas

Março chega acompanhado do reforço da atenção à saúde feminina

Em março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher (8/3), assuntos relacionados à saúde feminina ganham evidência. São 30 dias de reforço aos cuidados e prevenções, ações que na verdade se fazem necessárias durante toda a vida. No caso da oncologia, grande parte dos principais tipos de câncer que acometem as mulheres pode ser evitada, ou tratada ainda no início do quadro, quando há observância dos protocolos de rastreabilidade existentes.

Saúde feminina: os tipos de câncer mais recorrentes em mulheres

A exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama é o que mais acomete as mulheres no Brasil e responde por quase 30% de todos os casos. Em seguida vem o câncer de cólon e reto, com 9,2% dos casos. O câncer de colo de útero, também chamado de cervical, é o terceiro mais comum entre as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer. Responde por 7,5% dos casos. Depois aparecem os de pulmão (5,6%), tireoide (5,4%), estômago (3,5%) e ovário (3%).

Confira a seguir alguns tipos de câncer relacionados à saúde feminina:

Câncer de mama

O oncologista Fernando Medina, do Centro de Oncologia Campinas, salienta que o câncer de mama, apesar de todas as campanhas de orientação e meios de prevenção existentes, é o segundo tipo de câncer mais diagnosticado no mundo. Fica atrás apenas do câncer de pulmão e é responsável por quase 7% das mortes pela doença no mundo.

Prova da forte incidência está nos números do Centro de Oncologia Campinas. Medina detalha que o câncer de mama responde por 30% de todos os casos tratados no COC anualmente.

“É o tipo de câncer mais frequente em mulheres em todo o mundo. A diferença entre a vida e a morte de um paciente é o diagnóstico precoce”, reforça Medina. “O Outubro Rosa foi criado para despertar a atenção do mundo para a doença, mas a prevenção tem de ser feita o ano inteiro, todos os dias”, reforça.

Câncer de cólon e reto

O câncer de cólon e reto, que acomete o intestino grosso e reto, é responsável por 9% de todos os tumores do mundo. É o terceiro mais comum nos homens e o segundo entre as mulheres. Oferece potencial para ser evitado em 90% dos casos, contudo, tem feito cada vez mais vítimas no Brasil. Em algumas regiões, sobretudo no Sudeste, ocupa o segundo lugar em incidências de óbito, no caso das mulheres, só perdendo para o câncer de mama.

Em estágios iniciais, o câncer colorretal pode não apresentar qualquer manifestação clínica. E é aí que mora o perigo. Quase sempre, surge como um pólipo (frequentemente benigno), que cresce na parede do intestino e pode se tornar um câncer caso não seja diagnosticado e retirado a tempo.

Câncer de colo do útero

Talita Coelho Paiva, oncologista com especialização em ginecologia do Centro de Oncologia Campinas, explica que o câncer de colo de útero pode ser evitado em quase 100% das vezes com medidas simples de cuidado com a saúde feminina, como vacina contra o HPV e exames regulares de Papanicolau. Ainda assim, é o terceiro mais frequente na população feminina e a quarta causa de mortes por câncer em mulheres no Brasil.

“No Brasil ocorrem quase sete mil óbitos todos os anos por câncer de colo de útero. A doença cursa de forma assintomática. Pode ocorrer sangramento durante as relações sexuais, que depois se torna mais frequente. É fundamental que as mulheres lembrem de fazer Papanicolau, que as mães lembrem de levar filhos para vacinar e que os adultos tomem vacina na rede privada”, pede a médica.

As vacinas contra HPV, que em mais de 95% dos casos dá origem ao câncer de colo de útero, são oferecidas gratuitamente pelo SUS desde 2014. Como é importante receber as duas doses antes do início da vida sexual, o PNI contempla meninas de 9 a 14 anos, e meninos de 11 a 14 anos. O imunizante, reforça Talita, também está disponível na rede privada fora dessa faixa etária. “É preciso também que as mulheres façam regularmente o exame de Papanicolau assim que iniciarem a vida sexual”, lembra.

Câncer de pulmão

Nos últimos anos, conta o médico Fernando Medina, tem se observado um aumento significativo dos casos de câncer de pulmão entre as mulheres. A neoplasia é a mais prevalente no mundo. A doença também ocupa o primeiro lugar entre os cânceres que acometem os homens em todo o planeta, representando 14,5%. Nas mulheres, é a quarta em incidência no Brasil.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 30 mil novos casos de câncer de pulmão por ano, sendo 17.760 em homens e 12.440 em mulheres. No sexo feminino, é o terceiro mais frequente nas Regiões Sul (18 casos para 100 mil) e Sudeste (12 casos para 100 mil). A taxa de mortalidade da doença sempre foi superior entre os homens, mas verifica-se que essa proporção está diminuindo: a razão de óbitos entre homem/mulher no país diminuiu de 3,6 em 1980 para 1,7 em 2017.

Câncer de ovário

Silencioso, o câncer de ovário não está no alto da lista dos cânceres de maior incidência entre as mulheres, mas carrega o agravante da letalidade, justamente por não dispor de protocolos de rastreio como os que existem nos casos de mama e cólon.

“O que infelizmente ocorre com o câncer de ovário, apesar da taxa de incidência bem menor, é que não tem muitos meios de prevenção. Geralmente é bastante mortal porque só se descobre quando está em estágio bem avançado”, comenta o ginecologista e oncologista Eiji Kashimoto, do Centro de Oncologia Campinas.

“Não existe rastreamento de ovário. O ultrassom até pode detectar a doença, mas não serve para prevenir. O câncer de ovário normalmente é descoberto quando surgem os sintomas, o que significa que ele já está mais avançado”, completa o médico. Inchaço abdominal acompanhado de perda de peso, necessidade constante de urinar, alterações menstruais, dor durante a relação sexual e fadiga são alguns dos sinais do câncer de ovário. Anualmente ocorrem mais de 4 mil mortes pela doença no Brasil.