O colo do útero é a porção mais baixa do útero, estando localizado entre o útero e a vagina, possuindo pequena camada muscular e grande quantidade de tecido conjuntivo denso. O câncer de colo de útero (também chamado de câncer cervical) tem início no seu tecido de revestimento e se desenvolve lentamente e, é o terceiro tipo de tumor mais frequente em todo o mundo (estando atrás somente do câncer de mama e colorretal) e, o tumor ginecológico mais frequente em países em desenvolvimento, porém a sua frequência, após o tratamento é inferior a 1%, com mortalidade inferior a 0.5%. No Brasil, é a quarta causa de morte entre a população feminina, segundo o Instituto Nacional do Câncer, podendo ser descoberta durante exames de rotina, atingindo altas taxas de cura quando detectada e tratada no início.
É causado pela infecção persistente pelo papilomavirus humano (HPV) em cerca de mais de 90% dos casos.
A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes, porém em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame de Papanicolau.
Estatística
A estimativa de novos casos para o ano de 2020 foi de 16.590 de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) com 6.596 mortes para o mesmo período.
Tipos
Existem dois tipos principais de câncer cervical: os carcinomas de células escamosas, que representam entre 80 e 90% dos casos e, os adenocarcinomas, que representam de 10 a 20%do total.
O carcinoma de células escamosas é quando o tumor se originou da parte externa do útero em contato com a vagina, conhecida como ectocérvice.
Os adenocarcinomas é quando o tumor se origina de células da parte interna do colo de útero, chamada de ectocérvice.
Existem outros tipos de tumores menos frequentes, como o carcinoma adenoescamoso (misto de células dos dois tipos mais comuns) e o tumor neuroendócrino (aumento anormal de células neuroendócrinas).
Fatores de Risco:
Alguns fatores de risco para o câncer cervical incluem:
Início precoce da atividade sexual, com múltiplos parceiros.
Tabagismo (estando relacionada à quantidade de cigarros fumados).
Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.
Prevenção
A principal prevenção está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo papilomavirus humano, que tem a sua transmissão por via sexual.
A vacinação para meninas de 9 a 13 anos e, meninos de 11 a 14 anos contra o HPV tem sido uma saída para diminuir a incidência da doença. Essa vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18.
A vacinação e o exame preventivo realizado anualmente (Papanicolau) se complementam como ações de prevenção desse tipo de câncer. Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada (a partir de 25 anos), deverão fazer o exame preventivo periodicamente.
Sinais e Sintomas:
Por ser uma doença de desenvolvimento lento, pode não apresentar sintomas em fase inicial. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.
Diagnóstico
Para o diagnóstico, poderá ser solicitado: Papanicolau, toque vaginal e toque retal, colposcopia e biópsia.
O tratamento para cada caso deve ser avaliado pelo médico, podendo variar de acordo com o estadiamento da doença. Entre os tratamentos estão a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia e a braquiterapia.
Khan SR, Rockall AG, Barwick TD. Molecular imaging in cervical cancer. Q J Nucl Med Mol Imaging. 2016 Jun;60(2):77-92. Epub 2016 Feb 9. PMID: 26859085.
Mitos e Verdades
Verdade: O câncer de colo de útero é um dos tipos de câncer mais fáceis de serem evitados. A principal causa é a infecção pelo vírus papilomavirus humano (HPV). A prevenção já começa na infância, com a vacina anti HPV. Apesar de haver mais de 150 tipos de vírus, os tipos 16 e 18 são os responsáveis por mais de 90% dos casos de cãncer de colo de útero. A vacina é indicada para meninos e meninas a partir de 9 anos de idade até 26 anos e, apresenta maior benefício para pessoas que nunca tiveram contato sexual. No Brasil é disponível a vacina quadrivalente, que atua contra os vírus HPV 6, 11, 16 e 18 e é administrada gratuitamente pelo SUS para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos, sendo recomendada 2 doses com intervalos de 6 meses.
Mito:Deve ser aplicada em meninas e meninos, estando disponível no SUS gratuitamente, protegendo contra os vírus HPV 6, 11, 16 e 18, assim como contra as verrugas genitais, câncer de colo de útero, de vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe.
Verdade: Qualquer mulher que tenha tido relações sexuais pode ter tido contato com o vírus HPV, pois é um vírus muito comum, presente em cerca de 80% das pessoas.
Mito: Geralmente o HPV é eliminado pelo organismo, mas em alguns casos, podem provocar verrugas genitais ou alterações benignas no colo do útero que, se não tratadas podem levar ao aparecimento de lesões ao aparecimento de lesões pré-cancerosas ou ao câncer.
Mito: Assim como nas mulheres, os homens podem ter manifestações clínicas, sendo que as mais comuns são as verrugas genitais. O HPV 16 e/ou 18 podem causar câncer de pênis, ânus e orofaringe.
Mito: Embora o câncer de colo de útero, seja mais incidente em mulheres acima de 40 anos, a doença pode se desenvolver em qualquer idade. Inclusive, no Brasil, o número de casos de jovens com câncer de colo de útero avançado tem crescido.
Verdade:Durante a menopausa qualquer sangramento vaginal deve ser um alerta para uma avaliação médica, que pode ter causas diversas, dentre elas o câncer de colo uterino e de endométrio (corpo do útero). Por isso, é importante estar atenta e procurar um ginecologista ao notar qualquer sangramento que foge do padrão do ciclo menstrual habitual ou na pós-menopausa.
Mito:O mioma é um tumor benigno e não pode virar câncer. Porém, deve ser monitorado e tratado se houver sintomas clínicos como sangramento e/ou aumento de volume.
Verdade:O exame de Papanicolau é usado para detectar células anormais ou alterações celulares no colo do útero, desde células pré-cancerosas até o câncer em si, além de outras patologias. Como o principal fator de risco para desenvolvimento do câncer de colo de útero é a infecção pelo HPV, além do Papanicolau pode ser realizado o teste de DNA do HPV que é capaz de verificar se há presença do HPV e o tipo do HPV. É importante frisar que um resultado positivo para a presença do HPV não significa que a mulher vai desenvolver o câncer, pois o organismo muitas vezes elimina sozinho a infecção, mas é necessária uma monitorização mais frequente. O Papanicolau é indicado a todas as mulheres que já iniciaram a vida sexual e/ou mulheres entre 21 e 64 anos .
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