Pacientes oncológicos precisam de critério e pragmatismo para lidar com as regras de flexibilização da pandemia do novo coronavírus. A população de pessoas com câncer está inserida na parcela mais suscetível às infecções. Depende de imunizantes e medidas de proteção para evitar não só a Covid-19, como outras complicações causadas por vírus e bactérias que também podem ser evitadas com a imunização.
A pandemia arrefeceu, o que não significa o fim dos riscos, observa o oncologista clínico André Moraes, do Centro de Oncologia Campinas. “Esses pacientes são mais vulneráveis a contrair infecções, não só virais, mas bacterianas também. Se a pessoa com câncer for acometida por uma infecção viral respiratória, o risco de morte é maior do que dos pacientes saudáveis”, confirma.
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A importância da vacinação para o paciente oncológico
A vacinação é tão necessária ao paciente oncológico, reforça o especialista, que o Centro de Oncologia Campinas está em vias de finalizar uma cartilha com orientações sobre as imunizações dos adultos com câncer. “As vacinas são extremamente importantes para reduzir riscos e minimizar impactos durante o tratamento. É preciso olhar crítico e sério em direção aos imunizantes”, informa.
A Covid-19 evidenciou o valor das vacinas para a humanidade e reforçou o peso de proteção que elas conferem sobretudo aos grupos vulneráveis. A população de pessoas com câncer encontra nos imunizantes segurança em busca da resposta positiva aos tratamentos. Todas as vacinas são importantes, destaca André Moraes, só que no caso dos pacientes oncológicos, a lista guarda lugar de destaque para as imunizações contra Covid, influenza, pneumococo e herpes zoster.
“Creio que a grande maioria dos pacientes em tratamentos imunossupressores tomou ou está perto de tomar a quarta dose contra a Covid por orientação de seus médicos. O mesmo ocorre com a influenza, que agora oferece proteção contra o H3N2, causador de muitas mortes. Reforçamos também a necessidade das vacinas pneumocócicas e contra herpes zoster”, confirma.
Moraes explica que o pneumococo é o mais comum agente complicador de uma infecção viral respiratória que se segue por bacteriana. Já a Herpes Zoster, apesar de na maioria das vezes não ser letal, deixa sequelas da sintomatologia importantes, que podem comprometer a qualidade de vida dos idosos e dos pacientes oncológicos.
“A população mais vulnerável, de idosos e imunossuprimidos, é a que mais sofre e apresenta maior mortalidade. Sempre foi assim, com a influenza e outros vírus, e isso ocorre mais pelas complicações que surgem a partir de um vírus contra o qual há imunização”, observa.
É importante destacar, diz, que as vacinas promovem imunidade para o paciente com o câncer, mas não com a mesma probabilidade de cobertura de uma pessoa saudável. “A eficiência dos imunizantes tende a ser menor nestes pacientes”, confirma, indicando que estudos provaram que no caso do coronavírus, o risco de mortalidade pela infecção é aumentado em dois grupos: das neoplasias hematológicas e do câncer pulmão avançado.
“O principal órgão que causa os maiores problemas de infecção do coronavírus é o pulmão. Nesse indivíduo que já tinha uma reserva respiratória debilitada, a infecção foi capaz de ocasionar maior mortalidade que as outras pessoas ou outros grupos oncológicos. Nas neoplasias hematológicas, o sistema imune, que responde ao vírus, é comprometido”.
Proteção contra infecções
Além de estar com a vacinação em dia, André Moraes reforça a necessidade de os pacientes com câncer seguirem com as regras de proteção sanitária, muitas delas agora em flexibilização. “Em locais de aglomeração, mesmo em ambientes abertos, o risco de contaminação aumenta exponencialmente”.
Dessa forma, a recomendação é pelo uso da máscara de proteção em transporte público, ambientes hospitalares e locais de aglomerações, espaços de maior risco. Cumprimentar alguém com um aperto de mão também não é proibido, desde que as mãos sejam higienizadas em seguida.
E o que a comunidade médica espera para o futuro em relação à Covid? “Espera-se que outras cepas surjam no futuro, que circulem pelo mundo e que aconteçam surtos, mas não pandemias. A situação melhorou, mas não podemos baixar a guarda. É uma virose com a qual vamos continuar convivendo quando surgirem outras cepas, como é o caso das influenzas que a gente vem enfrentando ao longo da história”.
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