COC – Centro de Oncologia Campinas

Novo acelerador linear contribuirá para reduzir a demanda reprimida na região

Em algum momento do curso da doença, mais da metade das pessoas com câncer precisará ser submetida à radioterapia. O problema é que esse tratamento não é acessível à boa parte dos pacientes. O censo realizado pelo Ministério da Saúde em 2018 apontou que o país dispõe de metade dos equipamentos necessários para atender a demanda. Na contramão do cenário nacional, o Centro de Oncologia Campinas está perto de iniciar a operação de um novo acelerador linear de partículas, cuja alta tecnologia permitirá, por exemplo, realizar tratamentos mais curtos e precisos, o que implicará no atendimento de um maior número de pacientes.

O acelerador linear de partículas para radioterapia guiada por imagem Infinity, fabricado pela sueca Elekta, foi adquirido pelo COC para aprimorar a qualidade do serviço da unidade e ampliar a oferta de tratamento à população. E a instalação em breve do equipamento, que já chegou ao Brasil, ocorrerá em um momento particularmente difícil da saúde dentro da oncologia.

“Em razão da pandemia, estamos vivendo hoje um momento mais preocupante. Estamos recebendo pacientes com doenças mais avançadas, infelizmente. Precisamos de agilidade nos atendimentos, além da tecnologia adequada a cada caso. Poderemos atender um número de pacientes maior, pois este equipamento permitirá que o paciente faça seu tratamento num tempo menor. Poderemos duplicar o número de pacientes atendidos por dia”, detalha a radio-oncologista Joyce Gruenwaldt, do Centro de Oncologia Campinas.

Vantagens do novo acelerador linear

A maior rotatividade do serviço favorece a entrada de mais pacientes de fila para tratamento. “O equipamento está para chegar nos próximos dias. Passará por alguns trâmites para instalação e liberação das autoridades competentes. O COC já está com o espaço praticamente concluído para sua instalação”, acrescenta a especialista em radioterapia.

Os benefícios desse novo equipamento provêm da tecnologia diferenciada, que coloca o COC junto aos grandes centros em termos de alta performance de radioterapia, principalmente porque possibilita tratamentos com técnicas variadas, explica a médica.

“Dispomos de tratamentos adequados aos pacientes, neste momento, mas com o novo equipamento alcançaremos respostas melhores, graças à precisão e tecnologias agregadas ao aparelho, proporcionando menor tempo total de tratamento e toxicidade”.

Para exemplificar a positividade da alta tecnologia no resultado do tratamento, Joyce Gruenwaldt explica que o Infinity vem com um tomógrafo acoplado para reconhecer a movimentação dos órgãos do paciente conforme, por exemplo, a respiração, o que garante a precisão do tratamento. “Conseguiremos fazer tratamentos mais localizados, porque as margens de segurança serão milimétricas, reduzindo toxicidade e tempo para finalizar a radioterapia”, reforça.

E são muitas as vantagens contidas nas sessões radioterápicas mais curtas e precisas. “Se a gente pensar que o paciente pode ter de realizar posteriormente uma quimioterapia, não vamos atrasar esse tratamento; se o paciente vem de fora, em vez de 25, 30, 40 dias de tratamento, existem protocolos de cinco, 10, 15 e 20 dias. Outro benefício é o tempo do paciente na mesa para seu tratamento diário. O que levava em torno de 15 a 20 minutos, levará entre 6 e 10 minutos. Se pensarmos que são pacientes que têm dor ou fobia, além da própria doença, é um tratamento bem menos desgastante”.

Há de se ponderar, reforça a radio-oncologista, que tudo que foi adquirido recentemente pelo Centro de Oncologia Campinas foi em função de reforçar aspetos valiosos, como conforto, comodidade, segurança, alta tecnologia, performance do equipamento, maior curabilidade e também menor toxicidade.

A médica finaliza reforçando que o COC alcança uma posição de destaque no cenário de ponta da radioterapia do país. “Estaremos entre os grandes e modernos centros de tratamento com radiação da nossa região”

Mapeamento da Radioterapia

A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) mapeou os equipamentos para radioterapia em uso no Brasil. Além de concluir que são insuficientes para atender a demanda, destacou que a obsolescência é também preocupante. O estudo foi realizado como parte do projeto RT2030, cuja finalidade é oferecer tratamento radioterápico acessível a todos os brasileiros até 2030.

De acordo com o mapeamento, o Brasil precisará de 121 novas máquinas para dar conta de demanda projetada. Isso elevaria os atuais 409 aceleradores de partículas para 530 em menos de dez anos. Ocorre que 213 máquinas em operação ficarão obsoletas até 2030 e terão de ser substituídas, o que aumenta a conta para 334 novos aparelhos.

A SBRT calcula que perto de 130 mil pacientes do SUS que deveriam ter realizado sessões de radioterapia em 2019 não tiveram acesso ao tratamento. Parte deles prejudicada pela limitação da distribuição das máquinas existentes no Brasil, uma vez que apenas 130 dos mais de 5,5 mil municípios oferecem serviços de radioterapia, segundo a SBRT.

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