COC – Centro de Oncologia Campinas

Câncer de Pele

O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil, sendo que o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 185 mil novos casos. O tipo mais comum, o câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa, porém seus números são muito altos. A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares, responsáveis por 177 mil novos casos da doença por ano. Mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer da pele e registra 8,4 mil casos anualmente.

Estatística

A estimativa de novos casos para o ano de 2020 foi de 8.450, sendo4.200 homens e 4.250 mulheres. Para o número de mortes, foi estimado para o ano de 2019 o número total de 1.978 sendo 1.159 homens e 819 mulheres.

Tipos

  • Carcinoma basocelular (CBC): o mais prevalente dentre todos os tipos. O CBC surge nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele). Tem baixa letalidade e pode ser curado em caso de detecção precoce. Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Podem se desenvolver também nas áreas não expostas, ainda que mais raramente. Em alguns casos, além da exposição ao sol, há outros fatores que desencadeiam seu surgimento. Certas manifestações do CBC podem se assemelhar a lesões não cancerígenas, como eczema ou psoríase. Somente um médico especializado pode diagnosticar e prescrever a opção de tratamento mais indicada. O tipo mais encontrado é o CBC nódulo-ulcerativo, que se traduz como uma pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central, que pode sangrar com facilidade.
  • Carcinoma espinocelular (CEC):  segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. Manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço etc. A pele nessas regiões, normalmente, apresenta sinais de dano solar, como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade. O CEC é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Assim como outros tipos de câncer da pele, a exposição excessiva ao sol é a principal causa do CEC, mas não a única. Alguns casos da doença estão associados a feridas crônicas e cicatrizes na pele, uso de drogas antirrejeição de órgãos transplantados e exposição a certos agentes químicos ou à radiação. Normalmente, os CECs têm coloração avermelhada e se apresentam na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. Eles podem ter aparência similar à das verrugas. Somente um médico especializado pode fazer o diagnóstico correto.
  • Melanomatipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença. O melanoma, em geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, a “pinta” ou o “sinal”, em geral, mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. Por isso, é importante observar a própria pele constantemente, e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte qualquer lesão suspeita. Essas lesões podem surgir em áreas difíceis de serem visualizadas pelo paciente, embora sejam mais comuns nas pernas, em mulheres; nos troncos, nos homens; e pescoço e rosto em ambos os sexos. Além disso, vale lembrar que uma lesão considerada “normal” para um leigo, pode ser suspeita para um médico.

Cânceres de pele menos frequentes

Outros tipos de câncer de pele não melanoma incluem:

  • Carcinoma de células de Merkel.
  • Sarcoma de Kaposi.
  • Linfoma de pele.
  • Tumores anexiais de pele.
  • Vários tipos de sarcomas.

Muitos tumores benignos podem se desenvolver a partir de diferentes tipos de células da pele.

  • Tumores benignos que se originam nos melanócitos

Pode se dizer que uma pinta é um tumor benigno da pele que se desenvolve a partir dos melanócitos. Quase todas as pintas são inofensivas, mas alguns tipos podem aumentar o risco de melanoma.

A pinta de Spitz é um tipo de tumor de pele que, às vezes, se parece com o melanoma. É mais comum em crianças e adolescentes, mas também pode ser visto em adultos. Esses tumores são geralmente benignos e não se disseminam. Entretanto, algumas vezes os médicos têm dificuldade para diferenciar uma pinta de Spitz de um melanoma, mesmo quando observadas sob um microscópio. Portanto, por segurança essas pintas são removidas.

Tumores benignos que se originam de outros tipos de células da pele

Os tumores benignos que se desenvolvem a partir de outros tipos de células da pele incluem:

  • Queratoses seborreicas. Pontos salientes marrons, bege ou pretos com superfície áspera.
  • Hemangiomas. Crescimentos benignos dos vasos sanguíneos muitas vezes denominados de manchas de cereja, morango ou vinho.
  • Lipomas. Tumores benignos das células de gordura.
  • Verrugas. Crescimentos de superfície áspera causados por alguns tipos do vírus do papiloma humano (HPV).

A maioria desses tumores raramente se transforma em câncer. Existem, ainda, outros tipos de tumores benignos na pele, mas são raros.

Fatores de Risco:

  • Exposição prolongada e repetida ao sol (raios ultravioletas – UV), principalmente na infância e adolescência.
  • Exposição a câmeras de bronzeamento artificial.
  • Ter pele e olhos claros, com cabelos ruivos ou loiros, ou ser albino.
  • Ter história familiar ou pessoal de câncer de pele.

Prevenção

Como os outros tipos de câncer de pele, o melanoma pode ser prevenido se a exposição ao sol nos horários das 10 às 16 horas for evitada, quando os raios são mais intensos, uma vez que o maior fator de risco para o seu surgimento é a sensibilidade ao sol. Mesmo em outros períodos do dia, recomenda-se procurar lugares com sombra, usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus  de abas largas, óculos escuro com proteção UV, sombrinhas e barracas. Aplicar na pele, antes de se expor ao sol, filtro (protetor) solar com fator de proteção 15, no mínimo, e usar filtro solar para os lábios.

Sinais e Sintomas:

O melanoma pode surgir a partir da pele normal ou de uma lesão pigmentada. A manifestação da doença na pele normal se dá após o aparecimento de uma pinta escura de bordas irregulares acompanhada de coceira e descamação.

Em casos de uma lesão pigmentada pré-existente ocorre aumento no tamanho, alteração na coloração e na forma da lesão, que passa a apresentar bordas irregulares.

Diagnóstico

O diagnóstico normalmente é feito pelo dermatologista, através de exame clínico. Em algumas situações, é necessário que o especialista utilize dermatoscopia (exame na qual se usa um aparelho que permite visualizar algumas camadas da pele não vistas a olho nú). Alguns casos exigem um exame invasivo, que é a biópsia.

Tratamento

A cirurgia é o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia também podem ser utilizadas dependendo do estágio do câncer. Quando há metástase (o câncer já se espalhou para outros órgãos), o melanoma, hoje, é tratado com novos medicamentos, que apresentam altas taxas de sucesso terapêutico. A estratégia de tratamento para a doença avançada deve ter como objetivo postergar a evolução da doença, oferecendo chance de sobrevida mais longa a pacientes que anteriormente tinham um prognóstico bastante reservado.

Referências

INCA. Instituto Nacional do Câncer. Tipos de Câncer. Câncer de Pele Melanoma. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pele-melanoma Acesso em: 28/06/2021.

Instituto Oncoguia. Tipos de câncer. Câncer de Pele Melanoma. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/prevencao/8016/138/ Acesso em: 28/06/2021.

AC Camargo Cancer Center. Tipos de Câncer. Câncer de Pele Melanoma. Disponível em: https://www.accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer/pele-melanoma Acesso em: 28/06/2021.

Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Tipos de Câncer de Pele Melanoma. Disponível em: https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/cancer-da-pele/64/ Acesso em: 28/06/2021

Instituto Vencer o Câncer. Tipos de Câncer. Câncer de Pele Melanoma. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/tipos-de-cancer/melanoma-e-outros-canceres-de-pele/melanomacancer-de-pele-o-que-e/ Acesso em: 28/06/2021.

Mitos e Verdades

Mito: A sigla FPS, que aparece no rótulo do produto sempre seguida de um número, significa Fator de Proteção Solar, que é o índice que determina o tempo que uma pessoa pode permanecer ao sol sem produzir vermelhidão. O protetor solar de FPS 30 oferece quase 96% de proteção. O 50, protege 98% e o 100, 99%. Se o FPS 30 for aplicado corretamente, oferece proteção suficiente à exposição solar. É de extrema importância a quantidade de aplicação do filtro para que ele proteja a pele. Para o rosto pescoço e orelhas, uma colher de chá; para o tórax e costas, duas colheres de chá; para braços, uma colher de chá para cada braço; pernas, duas colheres para cada perna. 

Verdade: Os raios ultravioleta, principalmente o UVA, estão presentes na mesma intensidade em dias nublados, portanto, o uso de protetor solar é imprescindível.

Verdade: O que determina maior risco de incidência de câncer de pele é o índice ultravioleta (IUV), que mede o nível de radiação solar na superfície da Terra. Quanto mais alto, maior o risco de danos à pele. Esse índice é mais alto no verão, porém pode ser alto em outras épocas do ano.

Mito: É preciso evitar excessos e sempre tomar sol com moderação

Mito: A fonte de luz é diferente das lâmpadas de bronzeamento e não causam câncer de pele. A interação pele e laser é conhecida há muitos anos e até o presente momento não se detectou evidência entre tratamentos a laser e câncer da pele.

Verdade: As pessoas morenas produzem mais melanina, que protegem a pele. Já as pessoas claras são mais sensíveis, então têm de se proteger e sempre usar protetor solar nas áreas expostas ao sol.

Mito: A pinta precisa ser examinada pelo dermatologista para avaliação. Somente após esta avaliação o especialista indicará a retirada ou não da pinta. É preciso atenção com pintas que coçam, que crescem, que sangram. Um jeito de identificar se uma pinta ou mancha pode representar algum perigo é utilizar a escala do ABCDE:

A de assimetria entre as metades da mancha

B de bordas irregulares

C de cores, que avalia a variação da coloração

D de diâmetro

E de evolução (mudança no padrão de cor, crescimento, coceira e sangramento)

Verdade: É raro, mas pode acontecer, principalmente em grandes cicatrizes de queimaduras. É preciso observar mudanças na pele da cicatriz e buscar um especialista caso alguma diferença seja notada.

Mito: Mesmo na sombra é preciso passar o protetor solar, pois não estamos livres dos raios ultravioleta.

Mito: O importante é o diagnóstico em estágios iniciais, quando os tratamentos são mais eficientes. Hoje já há tratamentos inclusive para estágios mais avançados, mas quanto antes começar o tratamento, melhor. 

Mito: Melanomas podem surgir em qualquer área do corpo, como genitais, glúteos, couro cabeludo e entre os dedos.

Mito.: Independentemente da cor da pele, todas as pessoas têm de usar protetor solar para se proteger, apesar de o câncer de pele negra ser menos comum. Porém, pessoas de pele negra podem adquirir o carcinoma espinocelular, carcinoma basocelular e o melanoma.

Mito: No Brasil, este tipo de bronzeamento é proibido, assim como em outros países, justamente pelo alto risco que oferecem. Banhos de luz são recomendados apenas para doenças como psoríase e vitiligo, entre outras, pois as lâmpadas usadas nestes tratamentos usam ondas apropriadas para o tratamento.

Verdade: Pessoas com histórico familiar ou que tenham de 50 a 100 pintas no corpo devem ser avaliadas com maior frequência e também têm de se proteger, usando protetor solar e se expondo ao sol com moderação.

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