COC – Centro de Oncologia Campinas

Câncer de Pâncreas

O câncer de pâncreas mais comum é do tipo adenocarcinoma (que se origina no tecido glandular), correspondendo a 90% dos casos diagnosticados. A maioria dos casos afeta o lado direito do órgão (a cabeça). As outras partes do pâncreas são corpo (centro) e cauda (lado esquerdo).

Pelo fato de ser de difícil detecção e ter comportamento agressivo, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio. No Brasil, é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes causadas pela doença.

Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60. Segundo a União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), os casos de câncer de pâncreas aumentam com o avanço da idade: de 10/100.000 habitantes entre 40 e 50 anos para 116/100.000 habitantes entre 80 e 85 anos. A incidência é mais significativa no sexo masculino.

Estatística

Foi previsto para o ano de 2019 o número de 11.801 mortes, sendo 5.905 homens e 5.893 mulheres.

Tipos

  • Adenocarcinoma de pâncreas: aproximadamente 95% dos casos de câncer de pâncreas exócrinos são adenocarcinomas. Esses cãnceres geralmente começam nos ductos pancreáticos, mas às vezes desenvolvem a partir das células que produzem as enzimas pancreáticas (carcinomas de cálulas acinares).
  • Tipos menos comuns de cânceres exócrinos: os tipos menos comuns incluem carcinomas adenoescamoso, carcinomas de células escamosas, carcinomas de células em anel de sinete, carcinoma indiferenciado de células gigantes e carcinomas indiferenciados.
  • Carcinoma de ampola de Vater: esse tipo de câncer começa na ampola de Vater, onde o ducto pancreático se juntam antes de formar um conduto só e chegar ao intestino delgado. Os cânceres ampulares não são tecnicamente cânceres de pâncreas, mas estão incluídos nesse tópico porque seus tratamentos são muito semelhantes ao desse tipo de neoplasia. Esse cãncer frequentemente bloqueia o ducto biliar, provocando icterícia (pele e olhos amarelados). É normalmente diagnosticado em estágio mais inicial do que a maioria dos cânceres de pâncreas, e geralmente tem um prognóstico melhor.

Fatores de Risco:

Podemos identificar fatores de risco hereditários e não hereditários para o desenvolvimento do câncer de pâncreas. A menor parcela, algo em torno de 10% a 15% dos casos, decorre de fatores de risco hereditários. Dentre esses podemos destacar as síndromes de predisposição genética com associação ao câncer de pâncreas, como:

  • Câncer de mama e ovário hereditários associados aos genes BRCA1, BRCA2 e PALB2
  • Síndrome Peutz-Jeghers
  • Síndrome da pancreatite hereditária

Dentre os fatores de risco não hereditários, temos:

  • Tabagismo
  • Obesidade
  • Inatividade física
  • Diabetes melittus
  • Pancreatite crônica não hereditária

Os fatores de risco não hereditários são passíveis de modificação, pois relacionam-se, em grande parte, ao estilo de vida.

  • Exposição a solventes tetracloroetileno, estireno, cloreto de vinila, epicloridrina, HPA e agrotóxicos apresentam associações com o câncer de pâncreas. Os agricultores, os trabalhadores de manutenção predial e da indústria de petróleo são os grupos de maior exposição a estas substâncias e apresentam risco aumentado de desenvolvimento da doença.

Prevenção

A melhor forma de prevenir o câncer de pâncreas é assumir um estilo de vida saudável:

  • evitar a exposição ao tabaco de forma ativa e passiva.
  • praticar atividade física regular
  • manter nível de gordura corporal adequado
  • evitar o sobrepeso e a obesidade

Sobrepeso e obesidade são fatores de risco para desenvolver diabetes, que também aumenta o risco para câncer de pâncreas.

Sinais e Sintomas:

Os sinais e sintomas mais comuns do câncer de pâncreas são:

  • Fraqueza
  • Perda de peso
  • Falta de apetite 
  • Dor abdominal
  • Urina escura
  • Olhos e pele de cor amarela
  • Náuseas e dores nas costas.

Essa variedade de sinais e sintomas não são específicos do câncer de pâncreas, e esse é um dos fatores que colabora para o diagnóstico tardio da doença. Vale chamar atenção para o diabetes, que tanto pode ser um fator de risco para o câncer de pâncreas, como uma manifestação clínica que antecede o diagnóstico da neoplasia. Assim, o surgimento recente de diabetes em adultos pode ser uma eventual antecipação do diagnóstico do câncer de pâncreas. Estudos revelam que nos pacientes com câncer de pâncreas e diabetes, o diagnóstico do diabetes ocorre dentro dos 24 meses anteriores ao diagnóstico da neoplasia entre 74 e 88% dos pacientes.

Diagnóstico

Não existe sinal ou sintoma cuja presença seja sinônimo de diagnóstico de câncer de pâncreas. Exames de imagem, como ultrassonografia (convencional ou endoscópica), tomografia computadorizada e, ressonância magnética são métodos utilizados no processo diagnóstico. Além deles, os exames de sangue, incluindo a dosagem do antígeno carboidrato Ca 19.9, podem auxiliar no raciocínio diagnóstico. O laudo histopatológico, obtido após biópsia de material ou da peça cirúrgica define o diagnóstico da neoplasia.

Tratamento

O tratamento a ser realizado depende do laudo histopatológico (o tipo de tumor), da avaliação clínica do paciente e dos exames, laboratoriais e de estadiamento. O estado geral em que o paciente se encontra no momento do diagnóstico é fundamental no processo de definição terapêutica. A cirurgia, único método capaz de oferecer chance curativa, é possível em uma minoria dos casos, pelo fato de, na maioria das vezes, o diagnóstico ser feito em fase avançada da doença. Nos casos em que a cirurgia não seja apropriada, a radioterapia e a quimioterapia são as formas de tratamento, associadas a todo o suporte necessário para minimizar os transtornos gerados pela doença. Dessa forma, dor, depressão, falta de ar ou qualquer outra manifestação deve ser objeto da atenção da equipe de cuidado.

Referências

Instito Oncoguia. Tipos de Câncer. Câncer de Pâncreas. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/sobre-o-cancer/678/145/ Acesso em: 28/06/2021.

INCA. Instituto Nacional do Câncer. Tipos de Câncer. Câncer de Pâncreas. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pancreas acesso em: 28/06/2021.

Einstein. Tipos de Câncer. Câncer de Pâncreas. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/cancer-pancreas Acesso em: 28/06/2021

Instituto Vencer o Câncer. Tipos de câncer. Câncer de Pâncreas. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pancreas-tipos-de-cancer/cancer-de-pancreas-tratamento-2/ acesso em: 28/06/2021

Tua Saúde. Como identificar os sintomas de câncer de pâncreas. Disponível em: https://www.tuasaude.com/sintomas-do-cancer-de-pancreas/ Acesso em: 28/06/2021.

Mitos e Verdades

Mito: O diabetes não é um fator de risco para o desenvolvimento da doença, mas o modo e a intensidade de sua manifestação podem ser sintomas do câncer de pâncreas. Quando surge subitamente em não diabéticos ou em quem estava com a doença controlada, recomenda-se a análise do pâncreas, pois um tumor pode causar esse desequilíbrio. Essa verificação é importante para direcionar o paciente ao tratamento correto e não somente alterar medicações ou doses de insulina para inibir os sintomas.

Verdade: Infecções virais como as hepatites B e C, se estiverem em atividade, podem se tornar fatores de risco para a forma mais comum de câncer de fígado, o hepatocarcinoma. A cirrose, outra doença que pode atingir o órgão, também pode ser relacionada às hepatites, além de predispor ao desenvolvimento de tumores no fígado.

Verdade: Devido à extensão de alguns tumores, é necessária a retirada parcial do fígado. Após o procedimento, o órgão cresce para reocupar o espaço e também todas as suas funções. Mas essa “regeneração” só é possível se, após a cirurgia, reste pelo menos metade do fígado.

Depende: Essa possibilidade varia de acordo com o tamanho do cálculo. A maioria das pedras que aparecem na vesícula biliar costuma ter entre 0,5 e 1 cm e, geralmente, é retirada por meio da laparoscopia, procedimento cirúrgico minimamente invasivo. Mas, caso o tamanho do cálculo supere os 3 cm, é considerado fator de risco para o desenvolvimento do câncer de vesícula biliar, tumor raro e de comportamento agressivo.

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