COC – Centro de Oncologia Campinas

Câncer de Testículo

O tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens. É facilmente curado quando detectado precocemente e apresenta baixo índice de mortalidade.

Apesar de raro, preocupa porque a maior incidência é em homens em idade produtiva – entre 15 e 50 anos. Nessa fase, há chance de ser confundido, ou até mesmo mascarado, por orquiepididimites (inflamação dos testículos e dos epidídimos (canais localizados atrás dos testículos e que coletam e carregam o esperma) geralmente transmitidas sexualmente.

Estatística

O número de mortes previsto para o ano de 2019 foi de 446.

Tipos

O câncer de testículo é pouco comum, representando apenas 1% de todos os casos de câncer no sexo masculino. Porém, como ele surge em uma época da vida dos homens na qual ter um câncer é um evento bem raro, ele acaba sendo a principal causa de tumor maligno na faixa etária entre os 20 e 35 anos.

95% dos cânceres de testículo têm origem nas células germinativas, que são as células imaturas dos testículos que dão origem aos espermatozoides.

Existem dois tipos de tumores das células germinativas:

  • Seminomas.
  • Não-seminomas.

Aproximadamente metade dos casos de câncer testicular são provocados por seminomas e a outra metade por tumores não-seminomas. Essa distinção é feita através da avaliação histológica do tecido testicular, conforme veremos mais à frente na discussão do diagnóstico.

Saber o tipo de tumor de testículo é importante porque cada um deles tem um grau de agressividade diferente e podem interferir na modalidade de tratamento.

Seminomas: Os seminomas são menos agressivos e tendem a crescer e a se espalhar mais lentamente que os não-seminomas. A imensa maioria dos casos ocorre entre os 25 e os 45 anos de idade.

80% dos pacientes com seminoma são diagnosticados ainda no estadio I, 15% no estadio II e apenas 5% no estadio III (ver estadiamento mais à frente).

Existe um subtipo mais raro de seminoma, chamado seminoma espermatocítico, que costuma ser ainda mais indolente que o seminoma clássico e acomete homens mais velhos, ao redor dos 65 anos.

Alguns seminomas podem provocar aumento dos níveis sanguíneos da proteína gonadotrofina coriônica humana (HCG), a mesma que é dosada para fazer o diagnóstico de gravidez nas mulheres.

Não-seminomas: Os tumores não-seminoma geralmente surgem nos homens entre os 15 e os 30 anos.

Os 4 principais tipos histológicos de tumores não-seminoma são:

  • Carcinoma embrionário.
  • Carcinoma do saco de vitelino ou orquidoblastoma.
  • Coriocarcinoma.
  • Teratoma

A maioria dos tumores não-seminoma é composto por uma mistura desses diferentes tipos, às vezes até com um componente de seminoma também. A classificação do tumor é dada de acordo com o tipo histológico predominante.

As formas puras de tumor não-seminoma são mais raras e costumam ser mais agressivas.

Carcinoma embrionário – até 40% dos tumores não-seminoma apresentam algum componente de carcinoma embrionário. Apenas 3 a 4% dos tumores são carcinoma embrionário puro.

Tumores com predomínio de carcinoma embrionário tendem a crescer rapidamente e têm grande chance de gerar metástases.

Uma característica deste tipo histológico é a elevação dos níveis sanguíneos das proteínas alfa-fetoproteína (AFP) e gonadotrofina coriônica humana (HCG).

Carcinoma do saco de vitelino (orquidoblastoma) – É o tipo de tumor não-seminoma mais comum nas crianças.

Este subtipo costuma ser mais agressivo nos adultos que nas crianças, mas tem uma elevada taxa de resposta à quimioterapia, mesmo nos casos em que já há metástases.

Na grande maioria dos pacientes, há elevação dos níveis sanguíneos da alfa-fetoproteína.

Coriocarcinoma – É a forma mais rara, porém também a mais agressiva.

Quanto maior for a predominância do componente coriocarcinoma no tumor, pior costuma ser o prognóstico. Mas mesmo sem predominância, a simples presença deste tipo histológico já costuma tornar o tumor mais agressivo.

Na grande maioria dos casos, há elevação dos níveis sanguíneos de gonadotrofina coriônica humana.

Teratoma – São raros como tumores puros, mas frequentemente estão presentes nos tumores mistos.

Os tumores com predomínio de teratomas são ainda divididos em dois grupos: teratoma maduro, que costuma ser mais indolente, e teratoma imaturo, que é mais comum e costuma ser mais agressivo.

Os teratomas não costumam provocar elevação dos níveis sanguíneos da alfa-fetoproteína nem da gonadotrofina coriônica humana.

Tumores do estroma gonadal: Os 5% restantes dos tumores de testículo, que não têm origem nas células germinativas, são tumores dos tecidos de suporte, conhecidos como tumores do estroma gonadal.

Esse tipo de câncer testicular é bem incomum e costuma ter um comportamento benigno, com lenta evolução e baixo risco de metástases.

Esse tipo de tumor é dividido em dois tipos: tumores de células de Sertoli e tumores de células de Leydig. Ambos são mais comuns nas crianças que nos adultos.

Fatores de Risco:

Existem diversos fatores de risco conhecidos para o câncer testicular, o mais relevante deles é a criptorquidia.

Habitualmente, os testículos desenvolvem-se dentro do abdômen do feto e descem para a bolsa escrotal antes do nascimento. Em cerca de 3% dos meninos, um ou ambos os testículos não descem, ficando alojados dentro do abdômen ou presos no meio do caminho, na altura da virilha.

Essa condição é chamada de criptorquidia e é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de testículo.

É importante destacar que a maioria dos pacientes que desenvolvem tumores no testículo não apresentam história de criptorquidia.

Outros fatores conhecidos para o câncer testicular são:

  • História familiar de câncer de testículo.
  • Ser de raça branca.
  • Já ter tido câncer em um testículo (maior risco de ter no outro).
  • Ser HIV positivo.
  • Ter entre 15 e 35 anos.

Não há evidências de que vasectomia, andar a cavalo, ciclismo ou traumas na bolsa escrotal sejam fatores de risco para o surgimento de tumores testiculares.

Prevenção

Não existem métodos de prevenção do câncer testículo.

Sinais e Sintomas:

Na maioria dos pacientes, o primeiro sintoma do câncer testicular é o aparecimento de um nódulo em um dos testículos. É possível que o paciente tenha câncer nos dois testículos, mas é muito mais comum que a doença acometa apenas um.

Outro sinal comum é o aumento de tamanho de um dos testículos. Mas atenção: é normal que um testículo seja ligeiramente maior do que o outro e que um deles possa estar mais baixo do que o outro dentro da bolsa escrotal.

Na maioria dos casos, o tumor de testículo é indolor, mas alguns pacientes podem referir uma leve dor, um incômodo ou uma sensação de peso na bolsa escrotal ou na parte baixa do abdômen.

Os pacientes que desenvolvem tumores produtores de gonadotrofina coriônica humana (HCG) podem apresentar ginecomastia (crescimento da mama). Impotência e perda da libido são outros sintomas possíveis neste tipo de tumor.

Em cerca de 10% dos pacientes com câncer de testículo, os primeiros sinais e sintomas perceptíveis são os das suas metástases. Alguns exemplos:

  • Uma massa do pescoço (metástase dos linfonodos).
  • Tosse ou falta de ar (metástase pulmonar).
  • Dor lombar (metástases para o retroperitônio).
  • Dor óssea (metástase esquelética).
  • Inchaço nos membros inferiores (obstrução ou trombose venosa).

Autoexame dos testículos

Assim como as mulheres são estimuladas a fazer o autoexame das mamas, os homens também devem ter o costume de periodicamente examinar a sua bolsa escrotal. A hora do banho costuma ser o melhor momento.

Cada testículo deve ser gentilmente palpado à procura de pequenos e novos nódulos. É importante estar ciente de que cada testículo tem na sua porção superior um tubo pequeno e enrolado chamado epidídimo, que à palpação pode se parecer com um nódulo. Os testículos normais também contêm vasos sanguíneos e pequenos tubos que transportam esperma e se parecem com um cordão ao serem palpados.

Se o paciente estiver habituado a palpar seus testículos com frequência, ele saberá identificar essas estruturas anatômicas normais e terá mais facilidade de reconhecer quando algo de errado surgir.

Diagnóstico

Nos casos de suspeita de tumor no testículo, o exame mais utilizado para o diagnóstico é a ultrassonografia, que é capaz de detectar nódulos tão pequenos quanto 1 a 2 mm de diâmetro.

As dosagens sanguíneas de alfa-fetoproteína (AFP) e da gonadotrofina coriônica humana (HCG) também são frequentemente solicitadas.

Com o ultrassom e as análises de sangue, o urologista consegue ter uma boa ideia sobre o risco do paciente ter um tumor.

Tratamento

O tratamento inicial é sempre cirúrgico. Caso o nódulo seja pequeno e os marcadores tumorais sejam normais, pode-se optar por biópsia (retirada de um fragmento de tecido para ser examinado ao microscópio). O resultado do exame é dado ainda durante a cirurgia. Em caso positivo para câncer, o testículo é extraído, em parte ou totalmente. O mais comum é ocorrer a retirada completa do testículo afetado (marcadores previamente aumentados ou lesões maiores). A função sexual ou reprodutiva do paciente não é afetada, desde que o outro testículo esteja saudável. O tratamento posterior poderá ser radioterápico, quimioterápico ou de controle clínico. A complementação dependerá da investigação, que avaliará a presença ou a possibilidade de disseminação da doença para outros órgãos.

Referências

INCA. Instituto Nacional do Câncer. Tipos de Câncer. Câncer de Testículo. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-testiculo Acesso em: 29/06/2021.

Instituto Oncoguia. Tipos de Câncer. Câncer de Testículo. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/sinais-e-sintomas-do-cancer-de-testiculo/723/245/ Acesso em: 29/06/2021.

Tua Saúde. Tipos de Câncer. Câncer de Testículo. Disponível em: https://www.tuasaude.com/cancer-no-testiculo/ Acesso em: 29/06/2021.

Instituto Vencer o Câncer. Tipos de Câncer. Câncer de Testículo. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/tipos-de-cancer/cancer-de-testiculo-tipos-de-cancer/cancer-de-testiculo-o-que-e/ Acesso em: 29/06/2021.

MD Saúde. Tipos de Câncer. Câncer de Testículo. Disponível em: https://www.mdsaude.com/oncologia/cancer-testiculo/ Acesso em: 29/06/2021.

Mitos e Verdades

Mito: não existe nenhuma relação do câncer de testículo com pancadas na região. O principal fator de risco para o câncer de testículo é a criptorquidia, quando os testículos, não se deslocam para a bolsa escrotal antes de o bebê nascer. Os testículos podem descer naturalmente ao longo dos primeiros anos de vida. Caso contrário, a criptorquidia pode ser corrigida por cirurgia.

Verdade: Apesar de representar apenas 5% dos tumores malignos masculinos, o câncer de testículo é o tumor mais comum em homens de 20 a 50 anos de idade. 

Verdade: O câncer de testículo é considerado um dos tumores masculinos com mais chances de cura, principalmente quando detectado em estágio inicial. O autoexame da região é a forma mais eficaz de detecção precoce e, por isso, é importante realizá-lo uma vez por mês, logo após o banho.

Mito: O tratamento do câncer de testículos pode induzir a infertilidade. Por isso, recomenda-se que, antes de iniciar o tratamento, o homem realize a coleta e o armazenamento do esperma em bancos de esperma especializados. Isso permitirá que o paciente tenha filhos no futuro, se desejar. 

Verdade: O autoexame dos testículos deve ser realizado mensalmente, sempre após um banho quente. O calor relaxa o escroto e facilita a observação de anormalidades. Deve-se observar: alteração do tamanho dos testículos; sensação de peso no escroto; dor imprecisa na parte inferior do abdômen ou na virilha; derrame escrotal, caracterizado por líquido no escroto; dor ou desconforto no testículo ou escroto.

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