O câncer de testículo é pouco comum, representando apenas 1% de todos os casos de câncer no sexo masculino. Porém, como ele surge em uma época da vida dos homens na qual ter um câncer é um evento bem raro, ele acaba sendo a principal causa de tumor maligno na faixa etária entre os 20 e 35 anos.
95% dos cânceres de testículo têm origem nas células germinativas, que são as células imaturas dos testículos que dão origem aos espermatozoides.
Existem dois tipos de tumores das células germinativas:
Aproximadamente metade dos casos de câncer testicular são provocados por seminomas e a outra metade por tumores não-seminomas. Essa distinção é feita através da avaliação histológica do tecido testicular, conforme veremos mais à frente na discussão do diagnóstico.
Saber o tipo de tumor de testículo é importante porque cada um deles tem um grau de agressividade diferente e podem interferir na modalidade de tratamento.
Seminomas: Os seminomas são menos agressivos e tendem a crescer e a se espalhar mais lentamente que os não-seminomas. A imensa maioria dos casos ocorre entre os 25 e os 45 anos de idade.
80% dos pacientes com seminoma são diagnosticados ainda no estadio I, 15% no estadio II e apenas 5% no estadio III (ver estadiamento mais à frente).
Existe um subtipo mais raro de seminoma, chamado seminoma espermatocítico, que costuma ser ainda mais indolente que o seminoma clássico e acomete homens mais velhos, ao redor dos 65 anos.
Alguns seminomas podem provocar aumento dos níveis sanguíneos da proteína gonadotrofina coriônica humana (HCG), a mesma que é dosada para fazer o diagnóstico de gravidez nas mulheres.
Não-seminomas: Os tumores não-seminoma geralmente surgem nos homens entre os 15 e os 30 anos.
Os 4 principais tipos histológicos de tumores não-seminoma são:
- Carcinoma embrionário.
- Carcinoma do saco de vitelino ou orquidoblastoma.
- Coriocarcinoma.
- Teratoma
A maioria dos tumores não-seminoma é composto por uma mistura desses diferentes tipos, às vezes até com um componente de seminoma também. A classificação do tumor é dada de acordo com o tipo histológico predominante.
As formas puras de tumor não-seminoma são mais raras e costumam ser mais agressivas.
Carcinoma embrionário – até 40% dos tumores não-seminoma apresentam algum componente de carcinoma embrionário. Apenas 3 a 4% dos tumores são carcinoma embrionário puro.
Tumores com predomínio de carcinoma embrionário tendem a crescer rapidamente e têm grande chance de gerar metástases.
Uma característica deste tipo histológico é a elevação dos níveis sanguíneos das proteínas alfa-fetoproteína (AFP) e gonadotrofina coriônica humana (HCG).
Carcinoma do saco de vitelino (orquidoblastoma) – É o tipo de tumor não-seminoma mais comum nas crianças.
Este subtipo costuma ser mais agressivo nos adultos que nas crianças, mas tem uma elevada taxa de resposta à quimioterapia, mesmo nos casos em que já há metástases.
Na grande maioria dos pacientes, há elevação dos níveis sanguíneos da alfa-fetoproteína.
Coriocarcinoma – É a forma mais rara, porém também a mais agressiva.
Quanto maior for a predominância do componente coriocarcinoma no tumor, pior costuma ser o prognóstico. Mas mesmo sem predominância, a simples presença deste tipo histológico já costuma tornar o tumor mais agressivo.
Na grande maioria dos casos, há elevação dos níveis sanguíneos de gonadotrofina coriônica humana.
Teratoma – São raros como tumores puros, mas frequentemente estão presentes nos tumores mistos.
Os tumores com predomínio de teratomas são ainda divididos em dois grupos: teratoma maduro, que costuma ser mais indolente, e teratoma imaturo, que é mais comum e costuma ser mais agressivo.
Os teratomas não costumam provocar elevação dos níveis sanguíneos da alfa-fetoproteína nem da gonadotrofina coriônica humana.
Tumores do estroma gonadal: Os 5% restantes dos tumores de testículo, que não têm origem nas células germinativas, são tumores dos tecidos de suporte, conhecidos como tumores do estroma gonadal.
Esse tipo de câncer testicular é bem incomum e costuma ter um comportamento benigno, com lenta evolução e baixo risco de metástases.
Esse tipo de tumor é dividido em dois tipos: tumores de células de Sertoli e tumores de células de Leydig. Ambos são mais comuns nas crianças que nos adultos.