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Câncer de Estômago

O câncer de estômago, é também conhecido como câncer gástrico e, se desenvolve lentamente ao longo de muitos anos. O tipo adenocarcinoma é o responsável por cerca de 95% dos casos de tumor do estômago. Antes do aparecimento do câncer propriamente dito, alterações pré – cancerígenas ocorrem no revestimento interno do estômago (mucosa). Estas alterações precoces raramente causam sintomas e, portanto, muitas vezes passam desapercebidas. Os linfomas são diagnosticados em cerca de 3% dos casos. Sarcomas são tumores raros, iniciados nos tecidos que dão origem a músculos, ossos e cartilagens. Um tipo que pode afetar o estômago é o tumor estromal gastrointestinal, mais conhecido como GIST. 

Outros tipos de tumores, como linfomas e sarcomas, também podem ocorrer no estômago. 

O adenocarcinoma de estômago atinge, em sua maioria, homens por volta dos 60-70 anos. Cerca de 65% dos pacientes têm mais de 50 anos. 

No Brasil, o câncer de estômago é o terceiro tipo mais frequente entre homens e o quinto entre as mulheres.

Câncer de Estomago

Estatística

A estimativa de novos casos para o ano de 2020 foi de 21.230 novos casos, sendo: 13.360 para homens e 7.870 para mulheres. Foi estimado 15.111 mortes para o ano de 2019, sendo 9.636 para homens e, 5.475 para mulheres.

Tipos

  • Adenocarcinoma: Constitui mais de 90% dos tumores de estômago. Vale ressaltar que, quando se diz que alguém tem câncer de estômago, subentende-se que se trate de adenocarcinoma.
  • Tipos mais raros: Os demais 5% a 10% incluem os tumores neuroendócrinos, os tumores estromais do trato digestivo, também chamados de GIST (sigla do inglês), e os linfomas.

Fatores de Risco:

  • Excesso de peso e obesidade.
  • Consumo de álcool.
  • Consumo excessivo de sal, alimentos salgados ou conservados no sal.
  • Tabagismo.
  • Ingestão de água proveniente, como anemia perniciosa, lesões pré-cancerosas (como gastrite atrófica e metaplasia intestinal) e infecções pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori).
  • Combinação de tabagismo com bebidas alcoólicas ou com cirurgia anterior do estômago.
  • Exposição ocupacional à radiação ionizante, como raios X e gama, em indústrias ou em instituições médicas.
  • Exposição de trabalhadores rurais a uma série de compostos químicos, em especial agrotóxicos.
  • Exposição ocupacional, na produção da borracha, a vários compostos químicos, muitos classificados como reconhecidamente cancerígenos, como benzeno, óleos minerais, produtos de alcatrão de hulha, compostos de zinco e pigmentos.
  • Ter parentes de primeiro grau com câncer de estômago.

Prevenção

Para prevenir o câncer de estômago recomenda-se manter o peso corporal dentro dos limites da normalidade, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e de alimentos salgados e preservados em sal, além de não fumar.

Sinais e Sintomas:

Não há sintomas específicos do câncer de estômago. Porém, alguns sinais, como: perda de peso e de apetite, fadiga, sensação de estômago cheio, vômitos, náuseas e desconforto abdominal persistente podem indicar tanto uma doença benigna (úlcera, gastrite, etc) como um tumor de estômago. Durante o exame físico, o paciente pode sentir dor no momento em que o estômago é palpado. Sangramentos gástricos são incomuns no câncer de estômago, entretanto, o vômito com sangue ocorre em cerca de 10 a 15% dos casos. Também podem surgir sangue nas fezes, fezes escurecidas, pastosas e com odor muito forte (indicativo de sangue digerido). Massa palpável na parte superior do abdômen, aumento no tamanho do fígado e presença de íngua na área inferior esquerda do pescoço e nódulos ao redor do umbigo indicam estágio avançado da doença.

Em resumo, os principais sinais e sintomas do câncer de estômago, sâo:

  • Falta de apetite.
  • Perda de peso.
  • Dor abdominal.
  • Desconforto no abdome, normalmente acima do umbigo.
  • Sensação de plenitude na parte superior do abdome, após uma refeição leve.
  • Azia ou indigestão.
  • Náuseas.
  • Vômitos, com ou sem sangue.
  • Inchaço ou acúmulo de líquido no abdome.
  • Sangue nas fezes.
  • Anemia.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito pela endoscopia digestiva alta. Para realizar esse exame, o paciente recebe sedação e é aplicado anestésico na região da garganta. A seguir, um tubo é introduzido pela boca. A endoscopia digestiva alta permite ao médico visualizar o esôfago e o estômago, além de fazer biópsias (retirada de pequenos fragmentos de tecido). O material da biópsia é enviado a um laboratório para que seja confirmado (ou não) o diagnóstico de tumor maligno e definido qual o tipo de tumor.

Caso o diagnóstico de câncer gástrico seja confirmado, geralmente é necessária a realização de tomografias computadorizadas para avaliar a extensão do tumor. Em alguns casos, quando o câncer parece ser de estágio mais inicial, pode ser solicitada ultrassonografia endoscópica (exame semelhante à endoscopia digestiva alta, em que na ponta do tubo introduzido pela garganta há um aparelho de ultrassom).

Tratamento

  • Doença localizada: o câncer de estômago é considerado localizado quando está restrito ao órgão e aos gânglios linfáticos ao redor. Este caso, o principal tratamento é a cirurgia. Durante o procedimento, o cirurgião primeiramente faz um exame visual do interior da cavidade abdominal, para verificar se não há disseminação do tumor que não foi constatada nos exames pré-operatórios. A decisão de retirar todo o estômago ou apenas parte dele depende de fatores como a localização específica do tumor, a extensão da lesão e o subtipo de câncer. Em algumas situações, como quando o tumor invade a artéria aorta, a cirurgia pode não ser possível. A realização de quimioterapia, antes e/ou após a cirurgia, em geral, aumenta as chances de cura (exceto nos tumores mais iniciais). Em casos, selecionados, também pode ser necessário o tratamento com radioterapia após a cirurgia.
  • Câncer inoperável ou matastático: nas situações em que não é possível com cirurgia ou em que há metástases (câncer espalhado para outros órgãos), o tratamento é paliativo. As metástases do câncer gástrico em geral estão localizadas no peritônio (membrana que recobre os órgãos digestivos e a parte interna da cavidade abdominal), fígado, pulmões, ossos, gânglios linfáticos distantes do estômago, cérebro e glândula adrenal. O objetivo do tratamento paliativo é aliviar ou evitar sintomas, melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevida. A escolha do tipo de tratamento paliativo depende dos sintomas presentes, da extensão do tumor e, principalmente, das condições físicas do paciente.

O sangramento tumoral em geral é de pequena quantidade e crônico, mas, em alguns casos, pode ser mais agudo. A avaliação médica define o tratamento necessário para cada paciente, que pode incluir: observação, medicamentos, transfusões sanguíneas, procedimentos endoscópicos ou vasculares (embolização para cessar o sangramento), cirurgia ou radioterapia paliativa.

Outros sintomas frequentes são náuseas, vômitos, caquexia e a obstrução do trânsito intestinal. Em casos mais brandos, modificações de dieta e uso de medicamentos podem aliviar. Em outras situações, a depender da causa da obstrução e das condições físicas do paciente, a melhora pode ocorrer com quimioterapia, radioterapia, procedimentos endoscópicos ou cirúrgicos. A colocação de um cateter pelo nariz até o estômago para fazer a descompressão gástrica e a drenagem de secreção, ou mesmo a sedação paliativa, podem ser necessários em quadros mais graves.

A quimioterapia paliativa pode, em alguns casos, prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. É importante que esse tratamento seja feito de forma simultânea ao controle dos sintomas (medidas para controle de dor, sangramento, vômitos etc) e do suporte psicossocial ao paciente e familiares.

  • Linfoma gástrico: o tratamento, que depende do tipo de linfoma e da extensão da doença, pode incluir uma ou mais das seguintes modalidades: tratamento da infecção pela H. pylori; cirurgia; radioterapia; quimioterapia; anticorpo contra linfócitos B.

GIST: o tratamento pode incluir cirurgia e uso de medicamentos via oral.

Referências

Instituto Nacional do Câncer Tipos de câncer. Câncer de Estômago. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-estomago  Acesso em: 21/06/2021.

Instituto Oncoguia. Câncer de estômago. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/diagnostico/757/132/   Acesso em: 21/06/2021.

Tua Saúde. O que é o câncer de estômago, principais sintomas e tratamentos. Disponível em: https://www.tuasaude.com/cancer-de-estomago/  Acesso em: 21/06/2021.

Notícias de Saúde Hospital Israelita Albert Einstein. Câncer de Estômago. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/cancer-estomago  Acesso em: 21/06/2021.

Mitos e Verdades

Mito: A verdade é que boa parte das pessoas diagnosticadas com gastrite não desenvolverão câncer. É necessária uma série de fatores para que o tumor apareça no órgão, o que inclui alimentação e outros hábitos. 

Entretanto, a situação é diferente quando estamos falando de gastrite atrófica. Nessa doença, o próprio sistema imunológico começa a atacar o revestimento do estômago, causando problemas graves que podem aumentar as possibilidades de ocorrência do câncer de estômago.

Depende: É possível que o refluxo gástrico comece a provocar alterações graves no revestimento do esôfago por causa do ácido que vem do estômago. Nesses casos, o processo provoca algumas doenças, como a esofagite, que sim, aumenta as chances do órgão desenvolver um tumor. 

No entanto, isso não significa que todo refluxo gástrico é fator de risco, principalmente se o paciente receber o tratamento adequado. 

Mito: A H. Pylori é mais comum do que se imagina e existem dados que indicam que, pelo menos, 40% dos brasileiros têm a bactéria. No entanto, a maior parte das pessoas infectadas apresenta pouquíssimos sintomas, que não evoluem ao longo do tempo. 

Há poucas chances de alguém infectado com a bactéria desenvolver câncer, mesmo quando está afetado pela gastrite ou outras doenças no estômago provocadas pela H. Pylori. 

Sendo assim, apenas é necessário ter atenção quando a bactéria aparece junto a outras doenças de risco, como a gastrite atrófica. 

Verdade: Fumar é um forte fator de risco e contribui não só para a presença do câncer de estômago, mas também para o tumor em outros órgãos, como o pulmão. O risco é maior quando o cigarro é associado a hábitos alimentares ruins e vida sedentária. 

Verdade: A maioria dos profissionais considera que uma dieta rica em sal e alimentos processados é uma das grandes causas desse tipo de câncer. Da mesma forma, também existem alimentos que são grandes aliados para a prevenção da doença, incluindo frutas ricas em vitamina C, hortaliças e legumes.

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