Dia Mundial de Combate ao Câncer reforça a necessidade de levar informação e conhecimento à população
O Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 8 de abril, chama para a conscientização a respeito da segunda doença que mais causa mortes no mundo e destaca a detecção precoce como importante instrumento de luta. Os desafios do enfrentamento ao câncer envolvem questões sociais, de acesso da população aos melhores tratamentos. É uma corrente de eventos. A descoberta da doença em estágios iniciais implica cuidados menos extensos, menores recursos despendidos e, consequentemente, oportunidades para que mais pessoas sejam tratadas.
A detecção precoce muda a sobrevida, a qualidade de vida e tem a capacidade de alterar também os números ainda impressionantes do câncer, reforça o oncologista clínico Fernando Medina, do Centro de Oncologia Campinas. “Nós poderíamos salvar muito mais vidas hoje se tivéssemos programas mais bem estruturados e eficazes de prevenção. Uma questão muito importante é a educação comunitária, oferecer conhecimento e evolver a população na prevenção do câncer”, detalha o médico do COC.
Doença crônica, de alta taxa de morbidade e custo de tratamento, o câncer fica atrás apenas das doenças cardíacas como principal causa de morte por enfermidades no mundo. Dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc, na sigla em inglês) apontaram 19,1 milhões de novos casos de câncer em 2020, sendo que metade dos pacientes veio a óbito. A estimativa da Iarc é que em 2040, 28,4 milhões de novos casos sejam registrados.
“É importante considerarmos que a expectativa de vida da população tem aumentado e, com isso, cresce o número de idosos e de doenças crônicas degenerativas”, aponta Medina.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2019, as pessoas viveram seis anos mais do que em 2000 – a média global de idade passou de 67 anos para mais de 73 –, mas apenas cinco desses anos adicionais foram vividos com boa saúde.
A atenção oncológica, sobretudo em países pobres ou em desenvolvimento, é limitada e nem de longe acompanha o envelhecimento da população e o consequente aumento das doenças crônicas. Sob a ótica da prevenção, argumenta Fernando Medina, o arsenal de recursos poderia ser distribuído de forma a contemplar mais pacientes, e de maneira otimizada e racional.
“Investir em educação e em conhecimento é um caminho eficiente de combater o câncer. Nós já melhoramos muito nesse sentido, mas ainda podemos melhorar muito mais. Quando iniciei minha carreira, há 45 anos, as pessoas nem pronunciavam a palavra câncer, diziam aquela ‘doença ruim’, maligna. Hoje a maioria delas fala, discute e conhece os novos recursos dessa luta”, conta o oncologista do COC.
Medina acredita que muito da melhora dos índices de cura do câncer se deve às campanhas e informações divulgadas pela mídia em geral. “Não adianta descobrir que a mamografia reduz em dois anos o diagnóstico do câncer se a pessoa não sabe que precisa realizar regularmente a mamografia. Só sabendo que o exame reduz o câncer de mama é que a população vai atrás e cobra o poder público para que tenha acesso a esse exame”, analisa.
Linha de frente da prevenção
São muitos os protocolos estabelecidos para prevenção de diferentes tipos de câncer. Contudo, três dos principais tumores em incidência compartilham de meios eficazes para detectar precocemente a doença, no caso mama, próstata e câncer colorretal.
“O câncer de pulmão, próstata, colorretal e de mama são os mais comuns no mundo e são doenças que podem ser prevenidas, detectadas precocemente, principalmente os de mama, próstata e colorretal. Ou seja, são pequenas atitudes que a gente pode tomar na prevenção através de algumas estratégicas, incluindo a adoção de estilo de vida saudável, manter o peso e praticar exercícios físicos”, aponta Medina.
A questão da prevenção, reforça, é fundamental porque vai ao encontro da evolução do tratamento para a melhora de índices e expectativas. “Nos últimos dez anos, o desenvolvimento do tratamento foi espetacular. Na área cirúrgica podemos destacar o aparecimento de cirurgias minimamente invasivas e mais bem toleradas, estratégias que melhoram muito a qualidade de vida e a recuperação dos pacientes”, diz.
A radioterapia, cita o médico, também evoluiu. “A computação gráfica e o desenvolvimento de aparelhos de alta tecnologia hoje entregam a radiação em cima do tumor, isso trouxe melhoria extraordinária no tratamento e preservação de tecidos. A quimioterapia, imunoterapia e terapia alvo tratam pacientes de forma mais amena, às vezes de maneira oral e não venosa, aumentando a sobrevida e a qualidade de vida”.
Fernando Medina lamenta que, apesar de todos os avanços, o tratamento do câncer continua caro e nem todos os pacientes têm acesso aos melhores recursos. São muitos os novos recursos, mas nem todos têm acesso a eles.
“Com o impacto financeiro das famílias e sociedade como um todo, muitos ainda ficam sem tratamento. O diagnóstico precoce não só aumenta a sobrevida, como diminui o tempo e os custos do tratamento. Na mama, quando o tumor é descoberto em estágio clínico zero, às vezes fazemos só a cirurgia e mais nada. Em estágio mais avançado, fazemos quimio, rádio, às vezes repetimos a quimio. O custo fica extremamente mais caro. Reduzir custos significa aumentar o número de pacientes tratados, a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes”, finaliza.
Campanhas
Dentro das muitas campanhas de prevenção e orientação realizadas ao longo do ano pelo Centro de Oncologia Campinas, duas se destacam: Outubro Rosa, de câncer de mama, e Novembro Azul, de câncer de próstata.
No ano de 2022, 520 homens foram atendidos no Sábado sem Câncer, ação solidária que ofereceu exames de toque e de PSA gratuitos para detecção de câncer de próstata. Os casos suspeitos foram encaminhados à investigação detalhada e as confirmações de doença receberam tratamento.
No Outubro Rosa, mais de 100 mulheres ganharam procedimentos de micropigmentação paramédica para reconstrução de sobrancelhas e de aréolas, também gratuitos e realizados em parceria com Ana Savoy. Uma caminhada alertou a comunidade sobre os cuidados e a prevenção do câncer de mama.
Sobre o COC
O Centro de Oncologia Campinas dispõe de uma equipe multidisciplinar para oferecer todos os níveis de cuidados aos pacientes, incluindo serviços complementares ao tratamento. Possui salas de imagens, de quimioterapia, radioterapia, análises clínicas e imunoterapia. Também realiza atendimentos nas áreas de oncogenética, psico-oncologia, odonto-oncologia e hematologia, dentre outras.
Mais de 30 médicos compõem o Corpo Clínico do Centro de Oncologia Campinas. Na sua maioria, especialistas detentores de excelência técnica, resultado da natureza e origem de suas respectivas formações. Serviços de nutrição, educação física, fisioterapia, odontologia e farmácia complementam os cuidados de pacientes dentro da instituição, que atende mais de 30 convênios médicos.
O Centro de Oncologia Campinas completou 45 anos de história em novembro de 2022. Fica localizado à Rua Alberto de Salvo, 311, Barão Geraldo, Campinas. O telefone de contato é (19) 3787-3400.
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