COC – Centro de Oncologia Campinas

Câncer de rim: pouco se fala da doença que atinge mais de 12 mil brasileiros por ano

Por não figurar entre os dez principais tipos de neoplasia maligna em número de casos, as informações sobre o câncer renal são comumente limitadas. A doença, porém, acomete mais de 12 mil brasileiros e causa perto de quatro mil mortes anualmente. Ampliar o conhecimento dos brasileiros a respeito do problema é uma das metas da campanha Março Vermelho, dedicada à conscientização e orientação sobre o câncer renal e a saúde do rim.

O câncer renal apresenta sintomas inespecíficos e até 15% dos casos são descobertos de maneira incidental. Também não há protocolos de rastreamento, observa o oncologista André de Moraes, do Centro de Oncologia Campinas. O médico reforça que o tabagismo e a obesidade são os principais fatores de risco para a doença, além das causas hereditárias.

Saiba mais: Os riscos do tabagismo

“Quando associam o tabagismo ao câncer, falam de pulmão, de garganta, mas não de câncer de rim. A primeira coisa que precisa chamar atenção é que existe uma associação de risco do câncer renal com o tabagismo e a obesidade. Síndromes genéticas também cursam com o aumento da ocorrência”, confirma.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que em 2020 foram mais de 400 mil diagnósticos e 170 mil mortes por câncer renal no mundo. No Brasil, ainda segundo a OMS, a doença está entre os 13 tipos de câncer mais incidentes, com quase 12 mil e responde por 2% a 3% de todos os casos de câncer em adultos. O câncer renal representa 3% das doenças malignas que acometem adultos em todo o mundo.

Diagnóstico e prognóstico do câncer de rim

Em até 90% dos casos, o diagnóstico do câncer renal é feito por um sintoma, como hematúria (eliminação de sangue pela urina), perda de peso, massa abdominal, anemia e dor nas costas. No restante das vezes, o diagnóstico é incidental. “A pessoa realiza um exame de ultrassom, ou outro exame de imagem, por alguma razão não relacionada, encontra uma lesão renal suspeita e acaba por fazer o diagnóstico”, observa Moraes.

Ao contrário do câncer de mama ou de próstata, que dispõem de protocolos de prevenção, não existe rastreamento para o câncer de rim, diz o oncologista. “A exceção são famílias com síndromes associadas à ocorrência do câncer renal, genéticas. Neste caso é feito um acompanhamento de perto, personalizado para a situação de risco.”

O prognóstico da doença depende de diferentes fatores. “Quando a doença está localizada, basicamente não é um prognóstico ruim”, acrescenta Moraes. “Todos os prognósticos são definidos pelo fato de a doença ser ou não metastática e alguns dados clínicos importantes, como a presença de anemia, de gânglios, contagem de plaquetas, dosagem de albumina, entre outros”. Deve ser considerado ainda, diz, o tempo de uma eventual recidiva após a cirurgia.

Como é feito o tratamento?

A cirurgia é o tratamento base para a doença. André de Moraes descreve que quando a doença é localizada, em um terço das vezes é possível realizar uma cirurgia conservadora, em que é retirada apenas a parte onde se localiza o tumor e preservado o restante do rim.

Quando o tumor mostra característica de risco maior para uma futura metástase, existem tratamentos adjuvantes eficientes para reduzir a chance da recidiva, feitos com imunoterapia e terapia alvo-dirigida.

“A imunoterapia é um braço da ativação da imunidade. Com o desenrolar do conhecimento biológico do tumor e como ele se relaciona com o sistema imune, o que se faz hoje é ‘desmascarar’ o tumor para que o sistema imune possa agredi-lo. É uma estratégia que produz anticorpos específicos para a inativação dessas proteínas que são inibidoras da ativação imunológica”, detalha.

Bastante efetiva, a terapia alvo-dirigida usa medicamentos capazes de bloquear as células que provocam o crescimento descontrolado do câncer. Um dos alvos dos tratamentos do câncer renal é a tirosina-quinase de VEGF, proteína envolvida na angiogênese (criação de novos vasos sanguíneos pelo câncer). Os medicamentos que inibem a VEGF consequentemente impedem o crescimento do câncer.

Tipos de câncer de rim

Os rins desempenham variadas funções. Eliminam substâncias nocivas do sangue, mantêm o equilíbrio de água e sais do corpo, fabricam hormônios que estimulam a produção de glóbulos vermelhos e ajudam a regular a pressão arterial.

Também conhecido como adenocarcinoma renal ou hipernefroma, o câncer de rim raramente acomete indivíduos com menos de 45 anos – é mais presente em pessoas do sexo masculino com idades entre 50 e 70 anos. A doença possui subtipos, sendo o mais frequente deles o câncer renal de células claras, que responde por 85% dos casos. Tem origem no tubo que filtra as impurezas do sangue.

O segundo tipo mais comum de câncer de rim é o Carcinoma Papilar de Células Renais, que responde por 10% a 15% dos casos. Ele pode causar o bloqueio da urina, além de provocar dor.