COC – Centro de Oncologia Campinas

Gustavo Tilio/Divulgação Até a fachada do Centro de Oncologia de Campinas ganhou iluminação com tonalidade rosa, reconhecida no mundo inteiro, em prol da prevenção

Em plena campanha, prevenção cai

Medo da Covid-19 e mudança no foco de atendimento refletem numa redução de 60,5% de exames

Houve uma queda de pelo menos 60,5% no volume de exames de câncer de mama em Campinas em 2020 em função da pandemia por Covid-19, agravando a recuperação de pacientes por evitar a detecção precoce, que é fundamental nesse tipo de câncer. Além do medo de contrair a Covid-19, muitas pacientes deixaram de fazer exames nos consultórios porque o foco no atendimento concentrou os esforços nos casos de coronavírus.
Dados de mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS), mostram que de janeiro a julho de 2019 foram realizados 20.811 exames de mamografia em Campinas e que este volume caiu para 8.220 exames no mesmo período deste ano, uma queda de 60,5%.
Com a pandemia iniciada em março deste ano, muitas mulheres optaram pelo adiamento de exames para detecção do câncer de mama. Médicos especialistas alertam que isso tem piorado muito o quadro de saúde das mulheres nas unidades de atendimento médico em Campinas.
O número de exames tem aumentado nos últimos dois meses e atualmente são realizadas cerca de 4,4 mil mamografias por mês no Hospital de Amor (carretas e unidade fixa) e no Hospital da PUC-Campinas. Segundo dados fornecidos, não há fila para o exame, indicando que as mulheres não estão procurando como deveriam fazer.
A Secretaria de Saúde de Campinas informou que tem priorizado a mamografia para pacientes com alguma suspeita ou com histórico de câncer de mama. Para garantir o distanciamento e para fazer a higienização correta dos equipamentos, os exames estão sendo agendados com intervalo maior de horário – média de uma paciente por hora.
Fernando Medina, médico oncologista do Centro de Oncologia Campinas (COC), disse que os índices de consultas para diagnóstico de câncer de mama é preocupante. Segundo Medina, em março deste ano as consultas na clínica especializada caíram 40% em março, em comparação ao mês anterior, quando a pandemia ainda não tinha sido detectada. “A queda nas consultas caíram ainda mais em maio e abril, representado 60% a menos em relação ao mês de março”, comparou.
A queda vertiginosa de exames causou espanto. “Toda a equipe do COC ficou extremamente preocupada com esse fenômeno, pois todos sabemos que o diagnóstico precoce é fundamental na cura do câncer. Quanto mais cedo for descoberto, melhor para o tratamento e mais rápido é a recuperação”, comentou o médico.
Medina destacou também que entre abril e maio — quando houve o pico da Covid-19 — a situação se agravou também porque havia pouca disponibilidade de anestésicos e outros itens fundamentais para a realização de cirurgias.
Casos novos
Segundo o médico do COC, atualmente a situação de atendimento demonstra um aumento de 10% de casos novos de câncer de mama e que muitos deles apresentam-se nos quadros mais graves, devido à demora no diagnóstico. “Antes da pandemia, 80% das mulheres chegavam à clínica com a doença nos estágios 1 e 2 e isto permitia um tratamento de maior sucesso, porque estava no estádio inicial da doença. Agora, 50% dos atendimentos estão nestes estágios e outras 50% pacientes já estão nos estágios 3 e 4, que terão uma cura mais difícil de ser realizada e um tratamento mais severo”, comentou.
Medina explicou que o câncer de mama responde por 30% de todos os casos tratados no COC. “É o tipo de câncer mais frequente em mulheres em todo o mundo. A diferença entre a vida e a morte de uma paciente é o diagnóstico precoce”, reforçou.
As medidas e campanhas para realização de exames são fundamentais durante todo o ano. “Muito importante termos o Outubro Rosa, que foi criado para despertar a atenção do mundo para a doença, mas a prevenção tem de ser feita o ano inteiro, todos os dias”, destacou.
“Quanto antes melhor” é o slogan lançado pela SBM
“Quanto antes melhor” é o tema da campanha do Outubro Rosa deste ano, anunciado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). A ideia é chamar a atenção das mulheres para a adoção de um estilo de vida saudável no dia a dia, com a prática de atividades físicas e boa alimentação para evitar doenças, entre elas, o câncer de mama.
A SBM quer reforçar que há muita vida após o câncer de mama e que o cuidado com a saúde feminina deve ser olhado com atenção, principalmente neste momento em que o rastreamento e o tratamento foram prejudicados e ainda estão sendo retomados por conta da pandemia de Covid-19.
Vilmar Marques, presidente da SBM, disse que o movimento deste ano será totalmente online e focará na disseminação da informação. “Diversos estudos revelam que o sobrepeso e a obesidade, além da falta de atividades físicas no dia a dia, aumentam os riscos para câncer de mama e ainda proporcionam uma má qualidade de vida para quem está em tratamento”, afirmou.
Segundo Marques, a qualidade de vida é fundamental. “Nosso alerta é para quanto antes mudar o estilo de vida melhor será para a saúde e, desta forma, evitar que novos casos de câncer de mama ocorram”, comentou. O médico alertou também que o acompanhamento com o mastologista e a realização da mamografia anual nas mulheres a partir dos 40 anos é igualmente importante para a prevenção.
COC investe na autoestima das pacientes
O Centro de Oncologia de Campinas (COC) tratará com carinho também da imagem e autoestima das pacientes neste Outubro Rosa. Para isso, programou duas sessões de micropigmentação paramédica com a especialista Ana Savoy, que possui mais de 23 anos de experiência. Haverá um time de profissionais qualificados para a realização de procedimentos de sobrancelhas e aréolas em pacientes que passaram por quimioterapia e mastectomia. As sessões ocorrerão nos dias 14 e 19 de outubro, das 8h às 16h. “A micropigmentação faz diferença na recuperação das pacientes. Não diz respeito apenas à devolução da autoestima, mas sim da autoimagem, porque a paciente consegue se visualizar como era antes do tratamento. A vaidade volta a aflorar”, resumiu Ana Savoy.
A oncologista lembrou que, com a melhora da imagem, o aspecto emocional é fortalecido. “Isto interfere diretamente no tratamento, com aumento da resposta imunológica e da disposição”, explicou a médica. “A paciente não se sente mais diferente, mantém sua imagem anterior para seguir fortalecida com o tratamento”, finalizou. As interessadas nas sessões de Ana Savoy no COC podem obter mais informações pelo telefone (19) 3787-3400. As inscrições são limitadas e estão abertas até o dia 13. Para outros detalhes basta acessar o site do COC: www.oncologia.com.br.

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Matéria publicada no Correio em 04/10/2020

Imagem: Gustavo Tilio/Divulgação

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