O Instituto Nacional de Câncer aponta que entre 80% e 90% dos casos da doença estão associados a causas externas – o restante são fatores genéticos. Nessa lista constam os efeitos das intervenções realizadas pelo homem no meio ambiente, hábitos e estilo de vida. O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, é um convite não só à reflexão sobre as ações nocivas aos recursos naturais, como também à relação do meio com a saúde humana.
Terra, ar e água compõem o ambiente em que o ser humano vive e que interfere no surgimento de doenças como o câncer. “Qualquer contaminação nesses elementos, como substâncias tóxicas lançadas e lixo despejado na natureza, prejudicará a qualidade de vida do homem”, reforça a médica oncologista Mary Thereza, do Centro de Oncologia Campinas (COC).
Minimizar os riscos de desenvolver tumores cancerígenos, afirma a oncologista, passa obrigatoriamente por assumir hábitos de vida saudáveis, o que implica também em viver em um meio livre de fatores de risco. Tudo está interligado. “Sem poluição nos rios, a água que consumimos será de melhor qualidade; sem os agrotóxicos, consumiremos alimentos mais ricos e saudáveis. A cadeia alimentar de um ambiente livre de poluição colabora para a manutenção da saúde”, detalha.
As mudanças no estilo de vida da humanidade têm relação direta com a saúde do ser humano, para o bem e para o mal. “No século 19, por exemplo, constataram que os limpadores de chaminés na Inglaterra tinham alta incidência de câncer de testículo. Então, eles deixaram de realizar esse trabalho. E assim deve ser sempre com a saúde. Temos de mudar hábitos que fazem mal e adotar o que nos fazem bem”, compara.
Os cuidados com a saúde começam dentro de casa, a partir do comportamento adotado por cada um. Realizar o descarte correto do lixo, por exemplo, contribui para a preservação dos mananciais. Reduzir a emissão de poluentes na atmosfera melhora a qualidade do ar. Tudo é ação e consequência. “Se cada um fizer a sua parte, vamos melhorar a vida de todos. É preciso pensar em como agimos, o que fazemos de errado e procurar melhorar. As mudanças dependem de atitudes”, garante a médica do COC.
Como a ação humana sistematicamente interfere negativamente no meio ambiente e traz na esteira doenças variadas, como o câncer, é correto afirmar que um ambiente saudável colabora para uma vida menos sujeita a riscos.
“É comprovado que causas externas têm peso no desenvolvimento do câncer, do mesmo modo que se sabe que a alimentação saudável é imprescindível para a boa saúde. As pessoas hoje têm melhor compreensão disso, porém, é preciso que mais gente trabalhe para manter o meio ambiente preservado. Vemos que as crianças têm melhor consciência sobre essa necessidade, porém a preservação do ambiente e da vida é uma tarefa contínua”, assegura Mary Thereza.
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