COC – Centro de Oncologia Campinas

Musicoterapia

Piano solidário ressoa harmonia e leveza pelo Centro de Oncologia Campinas

A ansiedade costuma ser companheira indesejada dos momentos que antecedem uma consulta médica. A expectativa pelo resultado de um exame ou a incerteza sobre o diagnóstico prolongam a inquietação. No Centro de Oncologia Campinas (COC), o piano solidário é parceiro de espera. A música que sai de mãos sempre amigáveis abrevia a angústia, traz alento e, muitas vezes, embala a alegria das boas notícias. A iniciativa de quem toca ecoa de diferentes formas no saguão da unidade de saúde localizada em Barão Geraldo, Campinas.

Para o médico rádio-oncologista Caio Marcelo Jorge, de 41 anos, sentimentos variados estão ligados às teclas do piano disponibilizado na sede do COC. A iniciativa de deixar o instrumento à disposição de quem quiser dividir seu talento com outros, por si só, estimula o altruísmo. “A música é a linguagem da alma. Faz bem tanto para quem toca, quanto para quem escuta. E hoje em dia, mais do que nunca, precisamos cuidar das coisas ligadas à alma”, aconselha, se referindo aos tempos difíceis impostos pela pandemia.

Há, ainda, questões terapêuticas envolvidas na iniciativa do Centro de Oncologia Campinas. Antonio Amaro Moreira, diretor executivo da unidade, reforça que a música é uma importante aliada no tratamento de pacientes. “Ajuda a melhorar o sistema imunológico, diminui a quantidade do hormônio do estresse e, especialmente em caso de instituições de saúde, faz com que a pessoa se sinta mais à vontade e aceite melhor o tratamento. Ela relaxa, abaixa a taxa cardíaca, reduz a ansiedade, atenua temperamentos agressivos e ajuda na interação social”, enumera.

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A iniciativa, detalha o oncologista Fernando Medina, nasceu a partir do desejo de ampliar as ofertas de terapia aos pacientes do COC. “Imaginamos inicialmente que o piano ajudaria os pacientes a externar emoções e aliviar tristezas. É importante oferecer a eles meios de expressar e colocar para fora o que sentem. Ocorre que num ambiente médico, há diferentes formas de estresse, que envolvem também o corpo clínico e demais funcionários. Por isso, o piano ajuda a todos”.

O uso do piano é livre. Recém-afinado, está à espera de pacientes, colaboradores, funcionários administrativos e pessoal da área médica interessados em acrescentar melodia à rotina do centro médico. Em meio à correria de procedimentos, frequentemente surge um voluntário disposto a oferecer serenidade a quem passa pelo saguão, ainda que seja apenas por alguns minutos.

É o caso do médico Caio Jorge. Quando abre um espaço na agenda entre um atendimento e outro, ele se dirige ao piano do Centro de Oncologia Campinas e compartilha seu gosto musical eclético com pacientes e funcionários. Toca MPB, Blues, Jazz e o que mais lembrar do repertório.

A escolha das músicas é aleatória. Certo, mesmo, é o sentimento de que algo de bom virá em troca, independentemente da opção escolhida. “É gratificante saber que aquela música que escolhi pode ajudar um paciente a se lembrar de um momento agradável de sua vida, estar associada a uma fase feliz que ele viveu, ou amenizar algum tipo de sensação ruim que ela possa estar sentindo”.

Se é bom para os pacientes, é bom também para o pianista, admite Caio Jorge. “A música é parte importante da minha vida desde que era garoto e aprendi a tocar em conservatório. Com a idade adulta, ficou mais difícil incluir o piano na rotina. Além do meu trabalho, preciso sempre dedicar um tempo aos estudos, às atualizações. Tenho minha família também. Por isso, quando sento para tocar no COC, tenho a chance de dividir o que amo fazer com as outras pessoas. É recompensador para os dois lados”.

Da parte dos pacientes, só há elogios aos voluntários do COC que se prontificam a levar harmonia à espera. Da parte dos que contribuem com a musicoterapia bem-intencionada, não falta interesse de manter a sonoridade nos saguões do COC. “Quem toca entrega um pouco de si aos outros. No meu caso, saio um pouco do escopo da medicina e me aproximo dos outros. Dá para ver nos rostos dos que estão ali que a música os envolveu positivamente”, explica Caio Jorge.

Alguns exemplos de voluntários que compartilharam seus dons musicais com o piano solidário podem ser conferidos na página do COC no Instagram.

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