COC – Centro de Oncologia Campinas

Câncer de Pênis

O câncer de pênis é um tumor raro que pode surgir no órgão ou apenas na pele que o cobre, provocando mudanças na cor e textura da pele, assim como surgimento de nódulos ou feridas que demoram muito tempo para desaparecer, com maior incidência em homens a partir dos 50 anos, embora possa atingir também os mais jovens. No Brasil, esse tipo de tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste.

O câncer de pênis tem cura, no entanto pode ser necessária cirurgia para remover os tecidos afetados e, por isso, quanto maior for o tumor ou quanto mais tarde for identificado, maiores são as chances de precisar retirar um pedaço maior do pênis.

Estatística

O número de mortes no ano de 2019 foi de 458 homens.

Tipos

Os principais tipos de câncer de pênis são:

  • Carcinomas de células escamosas: representando quase 95% dos casos de câncer de pênis e se iniciam nas células escamosas, em qualquer região do pênis. A maioria destes tumores é encontrada no prepúcio ou sobre a glande e são de crescimento lento. Se forem diagnosticados em estágio inicial, as chances de cura são muito altas.
  • Carcinoma verrucoso: é uma forma rara de tumor de células escamosas e pode ocorrer em muitas áreas da pele. O carcinoma verrucoso, também é conhecido como tumor de Buschke-Lowenstein, se parece muito com uma verruga genital benigna. Estes tumores têm crescimento lento, mas às vezes podem apresentar um crescimento rápido. Eles podem se disseminar para os tecidos adjacentes, mas raramente se espalham para outros órgãos.
  • Carcinoma in situ: é considerado o estágio inicial do câncer de pênis de células escamosas. Neste estágio, as células cancerígenas são encontradas apenas na superfície da pele. O carcinoma in situ da glande é às vezes denominado eritroplasia de Queyrat. Quando diagnosticado no corpo do pênis ou outras partes dos órgãos genitais é denominado doença de Bowen.
  • Melanoma: o melanoma é um tipo de câncer de pele que começa nos melanócitos, células responsáveis pela pigmentação da pele e proteção ao sol. Esses tumores tendem a crescer e se disseminar rapidamente e são mais agressivos do que outros tipos de câncer de pele. Os melanomas são mais frequentemente encontrados em peles expostas ao sol e raramente ocorrem em outras áreas do corpo. Apenas uma pequena porcentagem dos cânceres de pênis são melanomas.
  • Carcinoma basocelular: o carcinoma basocelular é outro tipo de câncer de pele que pode se desenvolver no pênis, representando uma pequena porcentagem dos casos de câncer peniano. Este tipo de tumor é de crescimento lento e raramente se dissemina para outras partes do corpo.
  • Adenocarcinoma (Doença de Paget do pênis): o adenocarcinoma é um tipo muito raro de câncer de pênis que se desenvolve a partir das glândulas sudoríparas da pele do pênis, podendo ser difícil distingui-los do carcinoma in situ.
  • Sarcomas: uma pequena porcentagem dos tumores de pênis se desenvolve a partir dos vasos sanguíneos, músculo ou outras células do tecido conjuntivo do pênis e são denominados sarcomas.

Fatores de Risco:

Existem algumas condições que podem proporcionar aumento nos fatores de risco para o câncer de pênis, como:

  • baixas condições socioeconômicas e de instrução;
  • má higiene íntima;
  • estreitamento do prepúcio, onde os homens que se submeteram à circuncisão (remoção do prepúcio), têm maior predisposição ao câncer de pênis
  • associação entre a infecção pelo vírus do HPV e o câncer de pênis.

Prevenção

Para prevenir o câncer de pênis é necessário fazer a limpeza diária com água e sabão, principalmente após as relações sexuais e a masturbação. É fundamental ensinar às crianças desde cedo os hábitos de higiene íntima, que devem ser praticados todos os dias.

A cirurgia de fimose (quando a pele de prepúcio é estreita ou pouco elástica e impede a exposição da cabeça do pênis, dificultando a limpeza adequada) é outro fator de prevenção. A operação é simples e rápida e não necessita de internação. 

Também chamada de circuncisão, a cirurgia de fimose é normalmente realizada na infância. Tanto o homem circuncidado como o não-circuncidado reduzem as chances de desenvolver esse tipo de câncer se tiverem bons hábitos de higiene.

A utilização do preservativo é imprescindível em qualquer relação sexual, já que prática com diferentes parceiros sem o uso de camisinha aumenta o risco de desenvolver a doença. O preservativo diminui a chance de contágio de doenças sexualmente transmissíveis, como o vírus HPV, por exemplo. 

Sinais e Sintomas:

Muitos dos sintomas de câncer de pênis podem ser causados por outras condições clínicas. Contudo, o médico deve ser consultado ao se perceber qualquer um dos seguintes sintomas:

  • alterações na pele, como textura e cor
  • nódulo
  • ferida que sangra ou não cicatriza
  • erupção cutânea vermelha sob o prepúcio
  • feridas escamosas
  • crescimento de manchas
  • fluido malcheiroso
  • sangramento sob o prepúcio
  • inchaço na cabeça do pênis

Quanto mais cedo é feito o diagnóstico, maiores serão as chances de cura.

Diagnóstico

Não existe exames de rastreamento amplamente recomendados para câncer de pênis. Mas muitos tipos podem ser diagnosticados precocemente. Quase todos os tipos de câncer de pênis começam na pele, de modo que são muitas vezes diagnosticados no início do desenvolvimento da doença. Os tumores que se iniciam sob o prepúcio não podem ser vistos, principalmente se o homem tem fimose. Alguns tipos podem provocar sintomas que são confundidos por aqueles provocados por outras patologias.

Mesmo que o homem veja ou sinta algo anormal, ele pode não reconhecer como algo que precise de atenção médica imediata. Infelizmente alguns homens evitam ir ao médico quando percebem quaisquer lesões (anomalias) em seu pênis. Muitos homens com lesões penianas não procuram tratamento durante anos após o primeiro sintoma. Se um câncer é diagnosticado precocemente, muitas vezes pode ser removido com pouco ou nenhum dano ao pênis. Mas, se não for diagnosticado cedo, pode ser necessário remover parte ou todo o pênis para tratar a doença. Além disso, é necessária a realização de tratamentos adicionais

Os exames de imagem ajudam a localizar a lesão e são extremamente úteis para determinar a extensão da doença o que se denomina estadiamento do câncer. Os principais exames utilizados para o diagnóstico ou estadiamento do câncer de pênis são:

  • Tomografia computadorizada: que é uma técnica de diagnóstico por imagem que utiliza a radiação X para visualizar pequenas fatias de regiões do corpo, por meio da rotação do tubo emissor de raios X ao redor do paciente. O equipamento possui uma mesa de exames onde o paciente fica deitado para a realização do exame. Esta mesa desliza para o interior do equipamento, que é aberto, não gerando a sensação de claustrofobia. Alguns exames de tomografia são realizados em duas etapas, podendo ser com ou sem contraste. A administração intravenosa de contraste deve ser realizada quando se deseja delinear melhor as estruturas do corpo, tornando o diagnóstico mais preciso.
  • Ressonância magnética: utiliza ondas eletromagnéticas para a formação das imagens. A ressonância produz imagens que permitem determinar o tamanho e a localização do câncer, bem como a presença de metástases. Pode também usar contraste via intravenosa.
  • Ultrassom: é uma técnica que não emprega radiação ionizante para a formação da imagem. Utiliza ondas sonoras de frequência acima do limite audível para o ser humano, que produzem imagens em tempo real de órgãos, tecidos e fluxo sanguíneo do corpo, podendo ser útil na determinação da profundidade no tumor de pênis e se existe comprometimento dos gânglios linfáticos da virilha.
  • Raio X de tórax: realizado para verificar se a doença se disseminou para os pulmões.

A biópsia é a remoção de uma pequena quantidade de tecido para avaliação anatomopatológica da presença ou não de câncer. Os principais tipos de biópsias utilizadas para o diagnóstico do câncer de pênis são:

  • Biopsia incisional: onde apenas uma parte do tecido é retirada. Este tipo de biópsia é geralmente realizada com anestesia local.
  • Biópsia excisional: onde toda a lesão é retirada, sendo mais utilizada em lesões pequenas, como nódulo ou área de até 1 cm de diâmetro. Esse tipo de biópsia é realizado com anestesia geral.
  • Biópsia dos linfonodos: para casos de pacientes com tumores grandes e profundos, os linfonodos próximos são retirados para determinar o estadiamento da doença.
  • Punção aspirativa por agulha fina (PAAF): é um procedimento rápido e pode ser realizado com anestesia local, embora normalmente não seja necessário. Para esse procedimento utiliza-se agulha fina acoplada a uma seringa para aspirar uma amostra do tecido tumoral para análise. O material obtido é submetido a análise citológica, não sendo usado para lesões suspeitas sobre o pênis. Se o linfonodo suspeito for profundo, o posicionamento da agulha é guiado por ultrassom ou tomografia computadorizada.
  • Biópsia cirúrgica: em alguns casos os linfonodos não são verificados com PAAF, mas a cirurgia é feita para remover um ou mais linfonodos.

Tratamento

O tratamento depende da extensão local do tumor e do comprometimento dos gânglios inguinais (ínguas na virilha). Cirurgia, radioterapia e quimioterapia podem ser oferecidos.

A cirurgia é o tratamento mais eficaz e frequentemente realizado para controle local da doença.

O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o crescimento desse tipo de câncer e a posterior amputação total do pênis, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas ao homem. Por isso, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de cura e menos traumático é o tratamento.

Referências

Instituto do Câncer Tipos de câncer. Câncer de Pênis. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-penis  Acesso em 09/06/2021.

Portal Tua Saúde Câncer de Pênis. Disponível em: https://www.tuasaude.com/cancer-de-penis/  Acesso em 09/06/2021.

Portal Albert Einstein Especialidades Oncologia Tipos de Câncer. Câncer de Pênis. Disponível em: https://www.einstein.br/especialidades/oncologia/tipos-cancer/cancer-penis  Acesso em 09/06/2021.

Portal Oncoguia Conteúdo Câncer de Pênis. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/cancer-home/cancer-de-penis/31/147/  Acesso em 09/06/2021.

Mitos e Verdades

Mito: A maioria dos casos é observada em homens de 50 a 70 anos de idade, mas cerca de um terço dos casos ocorre em homens com menos de 50 anos.

Mito: O câncer de pênis geralmente tem início na glande e a lesão costuma ser indolor ou pouco dolorosa no início.

Verdade: em homens não circuncidados, o prepúcio pode, por vezes, tornar-se apertado e de difícil retração. Essa condição é conhecida como fimose e ela pode, muitas vezes, ser evitada retraindo-se o prepúcio ao lavar o pênis.

Verdade: O desenvolvimento do câncer de pênis tem relação direta com a má higiene íntima, por isso é fundamental realizar a higiene diária com água e sabão, inclusive após as relações sexuais.

Verdade: A cirurgia de circuncisão tem como objetivo a retirada do prepúcio e ocorre com mais frequência na infância, mas pode ser feita posteriormente também. Quando realizada na infância contribui para proteger contra o câncer de pênis. Alguns estudos mostram que homens que são operados na fase adulta podem ter maior chance de desenvolverem o câncer de pênis.

Verdade: Estudos mostram que o papilomavirus humano (HPV) 16 e 18 tem maior relação com o desenvolvimento do câncer de pênis. Por isso, é fundamental o uso de preservativo durante as relações sexuais e a administração da vacina contra o HPV em meninos com idade entre 11 e 14 anos, antes de iniciarem a vida sexual.

Verdade: Caso não seja descoberto a tempo, o câncer de pênis pode evoluir para um quadro em que a única opção de tratamento seja amputar o membro.

Conteúdos Relacionados