Aproximadamente 75% dos pacientes com câncer precisarão de transfusão em algum momento do tratamento
Cerca de 75% dos pacientes oncológicos, em algum momento do tratamento, precisarão de transfusão de sangue por diferentes razões. Infelizmente, pessoas que enfrentam ou já superaram o câncer, apesar de possuírem referências para precificar o valor da doação, são impedidas de retribuir o gesto solidário por não se enquadrarem no grupo de doadores.
No mês de conscientização sobre a doação de sangue, o Centro de Oncologia Campinas reforça entre seus pacientes e familiares a necessidade de colaborar com a manutenção dos estoques dos bancos. Além de um ato altruísta, doar é também resultado da empatia com quem necessita recebê-lo.
“A proximidade com situações extremas motiva iniciativas e o envolvimento de familiares e amigos das pessoas em tratamento”, aponta o oncologista clínico André de Moraes, do Centro de Oncologia Campinas.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde estabeleceram que neoplasias malignas são impeditivas para a doação. A própria condição de saúde referenda a decisão, assim como a presença de substâncias na circulação sanguínea após a realização de quimioterapias, radioterapias ou uso de medicamentos.
Necessidades
São muitas as circunstâncias que podem levar um paciente oncológico a depender das transfusões de sangue. O médico detalha que as cirurgias oncológicas, na maioria das vezes, são extensas e a necessidade de transfusão está relacionada à complexidade dos procedimentos. A doença, diz, também pode provocar distúrbios de nutrição que futuramente dependerão de transfusões para corrigir anemias e recompor substâncias perdidas.
“Há situações também em que há um sangramento decorrente dos tumores, algo que ocorre com frequência nos pacientes oncológicos. Tem ainda tumores que aceleram a destruição dos glóbulos vermelhos no corpo. Toda vez que ocorre redução de glóbulos e da hemoglobina que está circulando, há uma deficiência de transporte de oxigênio, o que acarreta uma série de consequências”, detalha, sobre situações em que as pessoas com câncer podem depender de transfusões.
Moraes explica ainda que é comum o paciente ser submetido a transfusões de sangue antes de iniciar tratamentos como os de quimioterapia e radioterapia, por exemplo. “A radioterapia, para consolidar o efeito deletério da radiação no tumor, depende da presença de oxigênio no tecido e quem leva oxigênio é o sangue. Se não houver nível adequado, tem que se fazer transfusão antes”, explica.
Informação
Campanhas como a do Junho Vermelho e o Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho, foram criadas na tentativa de suprir uma das maiores barreiras da doação: a falta de informação. André Moraes destaca que mesmo diante de inúmeras ações, a doação está sujeita à sazonalidade, ou seja, em determinadas épocas, como férias ou durante o Inverno, as doações chegam a cair 30%.
“Todos têm a consciência sobre a necessidade de doar sangue. Todos sabem que é preciso para manter estoque. As questões do comprometimento e do compromisso de contribuir socialmente e coletivamente é que fazem a diferença. Quem doa espontaneamente é quem garante a salvação dos que precisam”, avalia.
É importante lembrar, diz ele, que mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico e da ciência, ainda não existe um substituto para o sangue. “O sangue não é um coloide que a gente consiga reproduzir. E é essencial. O sangue é composto por parte líquida, que tem proteínas, e por uma série de componentes sólidos. Carrega células com funções diferentes. Transporta nutrientes, gases e participa da defesa e imunidade”, detalha, só para citar algumas das funções no corpo humano
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“Hoje, os riscos transfusionais são praticamente inexistentes do ponto de vista de contrair uma infecção ou de ter uma reação, justamente pelo trabalho dos bancos de sangue de fazer a seleção adequada e garantir que o derivado tenha sido selecionado corretamente e bem conservado. É a tecnologia aplicada à segurança para que o paciente receba o melhor para ele”.
Todo o equilíbrio do sistema de quem doa e quem recebe, reforça, é essencial para salvar vidas, para poder continuar tratamentos e para poder levar o paciente a uma cirurgia com segurança. “Tem que desmitificar o medo das pessoas de receber ou de doar. O interesse coletivo supera o interesse individual”, reafirma.
Mas o que estimula um indivíduo a doar sangue? “Os estímulos maiores são aqueles que chegam perto das pessoas, quando tem um parente próximo que está internado no hospital e precisa de sangue, eles se sensibilizam a vão lá doar. É preciso saber que independentemente desta situação estimuladora e necessária, é preciso se comprometer com mais frequência. É mais fácil enxergar quando o problema está batendo na sua porta, mas é preciso se colocar nessa condição voluntária para se garantir e garantir a vida de alguém”, reforça André Moraes.
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